Dra. Michela Pensavalli
Psicóloga-Psicoterapeuta, Professora e
Coordenadora Acadêmica SCint (Escola de Especialização em Psicoterapia
Cognitivo – Interpessoal), membro da CeDic (Centro para a pesquisa e a terapia
do Dep. Comportamental), Investigadora junto à ITCI (Instituto de Terapia
Cognitivo – Interpessoal) e Membro do Comitê editorial da revista Modelli
per la Mente e Idee in Psicoterapia.
Por Thácio Siqueira
Publicamos a seguir a
entrevista:
Por que um congresso
sobre o tema do amor e da afetividade?
Dra. Michela
Pensavalli: Em uma época em que as relações
são rápidas, frenéticas e virtuais dificilmente fazemos uma pausa para
compreender as nossas emoções e os nossos sentimentos. O congresso aborda a
temática do amor em tempos de liquidez mediática, explicando como funcionam os
mecanismos desta nova realidade, oferecendo pontos de reflexão para entender
como o Amor mudou desde a introdução da Internet, do ponto de vista
comunicativo, comportamental e social.
Hoje, as pessoas
buscam muito estes temas, também porque sofrem muito por isso. Onde encontrar ajuda,
já que no campo psicológico há muitas escolas diferentes, e talvez algumas que
realmente não ajudam a encontrar uma solução adequada?
Dra. Michela
Pensavalli: Até à data as psicoterapias com
mais crédito parecem ser aquelas cognitivistas. A Psicoterapia Cognitiva
Interpessoal, em particular, representa uma abordagem integrada em quanto que
aborda a exigência clínica de tratar os pacientes com problemas relacionais. A
condução do processo de psicoterapia, envolve a construção de uma atmosfera de
cooperação com o paciente, onde ele é visto como o maior especialista de si
mesmo e dos seus males, enquanto que o terapeuta é o principal especialista das
estratégias e das técnicas para resolvê-las. Terapeuta e paciente constroem o
cenário de exploração e conhecimento das dinâmicas profundas que vão sendo
expressas no contexto da relação terapêutica.
Na sua opinião,
quando é que uma pessoa deve pedir ajuda psicológica no campo afetivo?
Dra. Michela
Pensavalli: Quando se busca contínua e
incessantemente a felicidade, uma realização de si mesmo, uma paz interior
através de uma relação com um objeto ou com um evento ou com uma pessoa e esta
busca entra na cotidianidade no âmbito sentimental, profissional e relacional,
então pode ser útil confiar num tratamento psicoterapêutico. Por meio desta
ajuda, a pessoa experimenta novas atitudes e retoma, passo a passo, o domínio
da própria vida e a direção escolhida para ser perseguida nos vários âmbitos da
vida cotidiana.
O que é a
dependência afetiva? é uma doença? É algo normal hoje?
Dra. Michela
Pensavalli: Define-se "doença das
emoções". O objeto da dependência é um relacionamento. Designa uma
necessidade geral e excessiva de ser acudidos, necessidade que leva a um
comportamento submisso e a uma angústia de separação. É a antítese do amor a si
mesmos. O dependente afetivo não consegue desenvolver o amor próprio nem a
auto-estima.
Na sociedade atual,
onde é dada uma grande importância à estética e à beleza externa, o dependente
afetivo vive constantemente no medo de não ser aceito e aceita fazer qualquer
coisa para mostrar-se complacente como o outro ainda que este seja contrário
aos seus valores e ao seu código moral.
As pessoas sentem
medo de ficar na solidão, mas ao mesmo tempo não têm a coragem de tomar a sério uma
relação porque é muito difícil. É realmente assim? Por quê?
Dra. Michela
Pensavalli: Solidão significa entrar em
contato consigo mesmos e com a própria alma, significa, às vezes, terror de
viver na dor do abandono. As pessoas têm medo da solidão, porque naquele
momento encontram-se diante de si mesmas. Ao mesmo tempo, no entanto, têm medo
de estreitar laços fortes porque não se sentem capazes de mantê-los e
gerenciá-los no tempo. A psicoterapia pós-moderna encaminha-se na direção de
sustentar a pessoa enquanto busca o equilíbrio entre os excessos de extrema
solidão e busca complacente e contínua do outro.
Michela, junto com
Tonino Cantelmi, você escreveu um livro sobre o assunto: "Scusa se non ti
chiamo piu amore". Qual é a mensagem que você daria para os jovens de hoje
que se deparam com a escolha de se casar ou não casar, que se encontram diante
das dificuldades psicológicas de seus parceiros?
Dra. Michela
Pensavalli: Uma justa premissa que deve ser
sublinhada é saber que o amor pode transformar-se numa dependência afetiva mas
a dependência não se transforma jamais em amor. Isso explica porque em muitos
casos uma relação amorosa transformada em uma história de dependência recíproca
pode ser curada por meio do compromisso ativo dos parceiros, enquanto que uma
relação que se destacou como dependência desde o início está destinada a
acabar de um modo ou de outro, quando não termina destruindo as pessoas
envolvidas.
No entanto,
investir no amor é sempre a direção certa e a solução. Isto quando o amor é
saudável e não vinculativo, quando se vive de forma independente e recíproca
sem excluir o amor para si mesmos. A união no matrimônio não significa
dependência afetiva, mas o oposto. Uma sadia relação baseia-se na liberdade e
na autonomia, na pura necessidade de ser amados. Num matrimônio cada um
manifesta o seu amor ao seu modo, e cada um ama o outro como acha melhor: isso
é o amor humano. Amar significa aceitar o desafio de suportar e acolher
sobretudo os defeitos do outro.
Como participar do
Congresso? Onde vai ser?
Dra. Michela
Pensavalli: O evento será realizado no dia 26
de maio de 2012 das 9h30 às 12:30 - Piazza San Giovanni in Laterano Vicariato
6, Roma, Itália. Entrada gratuita mediante reserva.
Para informações e
reservas ligue 328/3757791 ou enviar um e-mail para:studiopensavalli@tiscali.it
Nenhum comentário:
Postar um comentário