NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Com as palavras “Maria Concebida Sem
Pecado” confessamos, que Maria, por uma exceção especial, em virtude dos
futuros merecimentos de cristo, desde o primeiro instante de sua vida ficou
isenta do pecado original e revestida foi da graça santificante. Não é assim
com as outras criaturas humanas. Desde o princípio da nossa existência,
carecemos da graça santificante, sendo que esta graça estatui um verdadeiro
pecado, não pessoal, é claro, mas um pecado da natureza, chamado pecado
original por ser uma consequência do pecado dos primeiros pais.
O mistério da Imaculada conceição exclui
o pecado, isto é, o pecado original e consequentemente duas coisas,
inseparavelmente ligadas a este: A desordenada concupiscência e o pecado
pessoal; inclui, porém, a posse da graça santificante. O que tem nome de pecado é a ausência culpada
da graça santificante. A presença desta significa a ausência, a extinção
daquele.
Maria, desde o princípio era possuidora
da graça santificante e, junto com esta, de todos os bens que a acompanharam,
isto num grau não comum, mas numa abundância tal, que Santo nenhum até o fim de
sua vida chegou a possuí-la. Inerente a este dom da graça santificante se achava
outro privilégio, o da perseverança final. Também Eva possuía inicialmente a graça
santificante; perdeu-a, porém, pela transgressão do Mandamento de Deus. Não
assim Maria. Na sua vida não houve um
momento sequer, em que se visse privada da graça de Deus; pelo contrário: esta
lhe crescia de maneira tão exuberante, que não podemos dela formar ideia.
Cometido o primeiro pecado no Paraíso,
para todos os filhos de Adão foi criada a lei da morte espiritual, da privação,
da graça santificante para o primeiro momento da vida, lei da qual isenta só
ficou Maria, em atenção à sua missão excepcional e única, à sua futura vida, a
nossa vida pela maternidade divina. O Filho é a sabedoria e a Redenção. O
sangue de Cristo é o remédio contra a morte do pecado. Em Maria, porém,
produziu um efeito extraordinário. Em todos os outros homens tira o pecado,
extingue-o e restabelece o estado da graça.
Em Maria, porém, teve este efeito desde o princípio.
A Imaculada Conceição é, portanto, o
fruto mais nobre e grandioso da morte do Salvador, como também prova do grande
amor de Jesus a sua Mãe. O Espírito Santo
é a bondade, o amor e a generosidade de Deus em distribuir bens naturais e sobrenaturais.
O mistério da Imaculada Conceição é de
suma importância para nós, para a Igreja, para o mundo inteiro. Sua solene
proclamação como dogma em 1854, foi um progresso, um novo elo na evolução da
nossa fé. Não é este dogma uma invenção da Igreja. Antiquíssimo fazia parte das
verdades reveladas, estava incluído no depósito da fé.
Até aquele ano, o católico tinha
liberdade de crer ou não crer na Imaculada Conceição; podia rejeitar esta
doutrina, sem incorrer numa heresia.
Houve de fato doutores da Igreja e Santos que não a aceitaram. Hoje o
mundo inteiro está convencido da verdade do mistério: A criança que sabe seu
catecismo, pensa sobre esta doutrina com mais acerto que aqueles grandes teólogos
e espíritos de escol e iluminados.
Quando Pio IX, a 8 de dezembro de 1854, na Basílica de São Pedro proclamava a
bula da Imaculada Conceição, alguns bispos presentes exclamaram: “É isto
a infalibilidade do próprio Papa”. Tinham eles razão, porque o papa, sem ter
assistência de um Concílio, por sua própria autoridade fez esta
proclamação. Poucos anos depois o Concílio Vaticano elevou a
Dogma a infalibilidade pessoal do papa. Desta maneira, Maria Santíssima
retribuiu honra com honra, e deu à igreja o remédio mais necessário para curar
os males dos nossos dias.
No mistério da Imaculada Conceição
encontramos o auxílio para adquirir esta graça e a conservar. É para nós o
penhor da esperança, da consolação, do conforto e da vitória, como o tem sido
para a humanidade desde o princípio da sua existência.
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