Pouco se sabe a respeito da autoria
artística do quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, apesar de
conhecidíssimo pelos católicos do mundo inteiro. Segundo especialistas, há forte indício que o
artista seja grego, pois as inscrições estão neste idioma. Esta pintura deve
ter sido executada no período compreendido entre os séculos XIII e XIV. A tradução das quatro letras gregas na parte
superior da tela significam “Mãe de Deus”.
No quadro, o Menino Jesus, ao colo de Nossa Senhora contempla um dos
anjos, que respectivamente seguram na mão instrumentos prefigurativos dos
sofrimentos futuros, da paixão e morte do Salvador: lança, vara com a esponja,
o cálice com fel, cruz e cravos.
O
quadro é composto de significativos detalhes. O Menino Jesus, amedrontado com a
visão dos arcanjos Miguel e Gabriel segurando os referidos instrumentos, busca
socorro no colo seguro da Mãe, já que uma das sandálias lhe resta ao pé
esquerdo, dependurada só pelo cadarço.
Maria o acolhe maternalmente e nos fita com olhar terno, ao mesmo tempo
triste, como sinal de apelo à humanidade pelos pecados, causa do sofrimento do
seu Filho. A tradução das letras gregas acima do ombro Menino, significam
“Jesus Cristo”. Segundo tradições
orientais, o quadro, uma pintura em estilo bizantino, é uma reprodução de uma
pintura feita por São Lucas, que além de escritor, era também pintor.
Conta-se que este quadro ficava exposto
em um templo na Ilha de Creta, e que fora roubado por um negociante que
pretendia levá-lo a Roma a fim de vendê-lo. Quando o navio saiu, uma tremenda
tempestade formou-se, causando desespero na tripulação. Todos pediram socorro à
Deus à Virgem, ocasião em que a tempestade dissipou-se. A embarcação acabou
aportando na Itália, mais ou menos na mesma época em que Colombo trazia da
América para a Europa a nau “Santa Maria”. O quadro milagroso de Nossa Senhora
foi transportado para a cidade de Roma.
Posteriormente, após a morte do ladrão,
Maria manifestou-se a diversas pessoas, expressando o desejo de que esse quadro fosse venerado na
Igreja de São Mateus (hoje Igreja de Santo Afonso), em Roma, a qual está
situada entre as Igrejas de Santa Maria Maior e São João de Latrão. Seu desejo
não foi atendido e algum tempo depois, o quadro ficou em poder de uma mulher
que tinha uma filha de 6 anos.
Certo dia, Maria apareceu à menininha e
lhe indicou um lugar, dizendo: "quero que o quadro seja colocado entre a
minha querida Igreja de Santa Maria Maior e a do meu filho São João de
Latrão". A própria Virgem Maria, nessa aparição, foi quem deu à menininha
o título “Perpétuo Socorro" e lhe manifestou o desejo de ser invocada com
este nome. A menina contou o fato à sua
mãe e esta resolveu seguir o indicado pela Virgem, entregando a imagem aos
padres agostinianos, que residiam na Igreja
de São Mateus, onde foi exposta à veneração pública no dia 07 de março de 1499,
numa solene procissão. Lá permaneceu por três séculos tornando-se centro de
peregrinação católica.
No ano de 1778, por ocasião da guerra
civil, o venerável templo foi destruído,
mas o quadro foi preservado e graças aos religiosos agostinianos, foi levado a
salvo para o seu novo mosteiro, junto à Igreja
de Santa Maria in Posterula, lado
oposto da cidade.
O último membro da Congregação a fazer
profissão religiosa no templo de São Mateus foi o frade Agostinho Orsetti. Com idade avançada e sentindo a proximidade
da morte, recebia as visitas de um jovem amigo, Miguel Marchi, a quem lembrou
por diversas vezes da Virgem do Perpétuo Socorro: “Não te esqueças, Miguel, -
disse ele - que a imagem que está na capela é a mesma que foi por muito tempo
venerada em São Mateus. Quantos milagres
sucederam!”. Mais tarde, quando o jovem já pertencia à Ordem dos Redentoristas,
ouvindo que um confrade seu encontrara documentos preciosos, relatou tudo o que
ouvira do Frei Orsetti a respeito do quadro.
Passado algum tempo, o Papa Pio IX
chamou para Roma os redentoristas, e nessa ocasião veio à tona a questão sobre
a santa imagem. Os padres redentoristas solicitaram ao Papa que o quadro fosse
colocado na Igreja de Santo Afonso, construída no mesmo lugar em que estivera a
Igreja de São Mateus, ora destruída pela guerra. Atendendo ao pedido, o Papa disse: “É a nossa
vontade que a imagem da Santíssima Virgem volte para a Igreja localizada entre
Santa Maria Maior e São João de Latrão”.
Ao mesmo tempo, deu ordem aos redentoristas que divulgassem a devoção ao
mundo inteiro. No dia 26 de abril de 1866,
a imagem foi solenemente levada
em procissão para o local de sua escolha, a Igreja de Santo Afonso, grande
apóstolo e defensor de Maria. A devoção hoje encontra-se presente no mundo
inteiro e milhões de cópias foram reproduzidas em todo o globo.
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