Primeira leitura - At 14,19-28
Salmo - Sl 144
Evangelho - Jo 14,27-31ª
ESCOLHA
ENTRE A PAZ DO MUNDO E A PAZ DE JESUS
Chegou a hora do Príncipe da Paz partir
para o seio do Pai. Não querendo deixar Seus melhores amigos em conflito, Jesus
rompe o silêncio provocado pelo medo da solidão, o qual foi provado pela Sua
ausência. Ele se levanta e pronuncia as benditas Palavras: “Deixo-vos a paz, a
minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide
o vosso coração” (Jo 14,27).
Trata-se aqui do discurso da despedida.
O Mestre sabia que havia chegado a hora de sair desse mundo. Por isso, não
queria partir sem dar calma, segurança, amparo, conforto, vitória, enfim,
garantia de vida plena.
O Senhor faz uma clara declaração da Sua
personalidade. Ele é, por natureza, o comunicador da paz. Sem dúvida, não
estamos às voltas com uma espécie de
tranquilidade “intimista e sentimental”, porque a Sua paz é muito mais
do que isso.
A harmonia é um dom de Jesus para Seus
discípulos, em vista do testemunho a que são chamados a dar. Ela visa a ação,
por isso não se pode reduzi-la ao sentimento. A paz de Jesus tem como efeito
banir, do coração dos discípulos, todo e qualquer resquício de perturbação ou
de temor que leva ao imobilismo. Possuindo esse dom, eles deveriam manter-se
imperturbáveis, sem se deixar intimidar diante das dificuldades.
Assim pensada, a paz de Cristo consiste
numa força divina, pois não deixa que os discípulos rompam a comunhão com o
Mestre. É Jesus quem está presente na vida dos discípulos, sustentando-lhes na
caminhada, sempre dispostos a seguir adiante com alegria, rumo à casa do Pai,
apesar das adversidades que deverão enfrentar.
A paz do mundo é outra coisa, esta é
falsa e enganosa, coexistindo com a perturbação e o medo. Ela é a ausência de
discordâncias, questionamentos ou conflitos, vigorando a submissão geral à
ordem imposta pelo poder. Essa pacificação encontra-se na fuga e na alienação
dos problemas da vida. Leva o discípulo a cruzar os braços, numa confiança
ingênua em Deus, de Quem tudo espera sem exigir colaboração. Nesse sentido, é
uma paz que conduz à morte!
O discípulo sensato rejeita a
“tranquilidade” oferecida pelo mundo para acolher aquela que Jesus oferece,
pois eles sabem que só esta desfaz aquela oferecida pelos homens.
A paz do Senhor é fruto da prática
fraterna, solidária, restauradora da vida e da dignidade dos homens e mulheres.
É o reencontro da vida em união com a vontade do Pai.
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”.
Sim, Senhor Jesus, dê-nos a graça e a força para que, no nosso dia a dia – a
começar por hoje – tomemos posse da Sua paz, pois ela nos tranquiliza a alma e
nos faz “mais do que vencedores” em todas as situações, porque o Senhor está
sempre conosco.
Padre Bantu
Mendonça
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