NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
Os primeiros séculos da Igreja Católica
foram caracterizados por um certo grau de tolerância com os pagãos que se
convertiam maciçamente. Um dos costumes que essas pessoas traziam era o culto
que prestavam às imagens de suas divindades.
A tolerância a que nos referimos tem um
detalhe de purificação: em vez de se terem estátuas dos ídolos do paganismo, as
imagens passaram a representar figuras bíblicas, especialmente aquelas ligadas
ao NT.
Acreditamos que nenhum outro personagem
ganhou mais representatividade entre os católicos do que Nossa Senhora, a Mãe
de Jesus, que nos foi entregue pelo Salvador quando expirava no Calvário.
A pequena imagem de Nossa Senhora de
Nazaré, que hoje é venerada em Portugal teria recebido essa denominação pelo
fato de haver sido esculpida, em madeira, naquela cidadezinha da Galiléia onde
a Sagrada Família se estabeleceu.
A profissão de São José que era
carpinteiro e não escultor bem como a profunda religiosidade herdada de seus
antepassados que não permitia a confecção de imagens humanas elimina por completo a possibilidade de ter
sido o pai adotivo de Jesus o autor da bela peça.
De Nazaré, a imagem foi levada pelas
mãos do monge Ciríaco que, fugindo dos dominadores romanos, a entregou a São
Jerônimo, que, por sua vez, a fez chegar às mãos de Santo Agostinho.
Este a remeteu para o Mosteiro de
Caulina, na Espanha, onde permaneceu até o século VIII, quando a invasão turca
levou os monges a abandonarem a região.
Quando os monges deixaram o mosteiro, a
pequena imagem ficou sob a guarda do abade, frei Romano, que acompanhou dom
Rodrigo, rei da Espanha que, tendo sido derrotado pelos turcos na batalha de
Guadalete, fugia em direção a Portugal.
Ao se separarem, já em território
português, o religioso permaneceu com a imagem, refugiando-se na localidade
chamada Sítio do Monte Siano, onde foi encontrado por dom Rodrigo, em 716, já
morto.
A imagem de Nossa Senhora, porém,
cuidadosamente escondida por frei Romano, somente seria encontrada séculos
depois, casualmente, por pastores, num pequeno abrigo de pedras no alto daquele
monte.
A notícia da descoberta da estatueta
espalhou-se rapidamente, chegando ao conhecimento do fidalgo lusitano dom Fuas
Roupinho, que passou a visitar com freqüência o pequeno altar rústico que
guardava a imagem, sendo o protagonista do primeiro milagre atribuído à Virgem
de Nazaré.
Dom Fuas não é um personagem qualquer.
Na história do povo lusitano, em suas origens, desempenhou papel importante
como estrategista e líder, comandando suas tropas em grandes vitórias na defesa
do território português, em especial contra os mouros, quando estes invadiram a
Península Ibérica e ocuparam a região da Espanha.
Conta-se que, em 14 de setembro de 1182,
caçando nas redondezas, dom Fuas se viu, de repente, frente a um enorme
precipício. Na iminência da morte certa, lembrou-se da imagem e gritou:
«Senhora, valei-me!»
No mesmo instante sua montaria estancou,
cravando as pata traseiras em solo firme, rodopiando sobre elas, pondo a salvo
o cavaleiro. Impressionado com o ocorrido, dom Fuas mandou erigir uma capela no
local.
Anos mais tarde, no reinado de dom
Fernando, este mandou construir um templo maior, que foi elevado depois à
condição de matriz e onde se reunem os portugueses para render fervorosas
homenagens à Virgem de Nazaré no dia 14 de Setembro.
Fonte: http://www.cot.org.br
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