O Papa se encontrou com
os participantes da Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana.
A racionalidade
científica tende a uniformizar o mundo e surge, às vezes de maneira confusa, um
singular e crescente questionamento sobre a espiritualidade e o sobrenatural, o
que, segundo o Papa Bento XVI, é sinal de uma inquietude que habita no coração
do homem que não se abre ao horizonte crescente de Deus.
Ao se encontrar nesta
quinta-feira, 24, com os participantes da Assembleia Geral da Conferência
Episcopal Italiana, o Pontífice destacou que a situação de secularismo
caracteriza, sobretudo, as sociedades de antiga tradição cristã e corrói aquele
tecido cultural capaz de abraçar toda a existência humana.
“O patrimônio
espiritual e moral no qual o ocidente aprofunda suas raízes e que constitui sua
força vital, hoje não é mais um valor profundo. Isso se reflete na diminuição
da prática religiosa. Tantos batizados perderam a identidade e a afiliação, não
conhecem os conteúdos essenciais da fé ou pensam ser capazes de cultivá-la sem
a mediação eclesial”, ressaltou.
Enquanto muitos olham
com dúvida as verdades ensinadas pela Igreja, outros reduzem o Reino de Deus a
alguns grandes valores, que têm certamente a ver com o Evangelho, mas, como
reforça o Papa, ainda não são o núcleo da fé cristã.
“O Reino de Deus é dom
que nos transcende. Como afirmava o beato João Paulo II, ‘o Reino de Deus não é
um conceito, uma doutrina, um programa sujeito à livre elaboração, mas é, acima
de tudo, uma Pessoa que tem o nome e o rosto de Jesus de Nazaré, imagem do Deus
invisível’”, disse o Papa.
Infelizmente, o Santo
Padre reconhece que o próprio Deus foi excluído do horizonte de muitas pessoas
e o discurso sobre Deus ainda está relegado no âmbito subjetivo, reduzido a um
fato íntimo e privado, marginalizado pela consciência pública.
“Num tempo no qual Deus
se tornou para muitos o grande Desconhecido e Jesus simplesmente um grande
personagem do passado, não haverá um relançamento da ação missionária sem o
renovamento da qualidade da nossa fé e da nossa oração; não sermos capazes de oferecer
respostas adequadas sem um novo acolhimento do dom da Graça; não saberemos
conquistar os homens pelo Evangelho sem tornar nós os primeiros a aprofundar a
experiência com Deus”, enfatizou.
Bento XVI salienta que
a missão da Igreja foi e sempre será a de levar os homens e as mulheres à uma
relação com Deus, ajudá-los a compreender que cumprir a vontade de Deus não é
um limite à liberdade, mas torna-os realmente livres.
“Deus é grande, não é
concorrente da nossa felicidade, e ao encontrar o Evangelho – e aqui a amizade
com Cristo – o homem experimenta ser objeto de um amor que purifica, aquece e
renova, e torna capaz de amar e servir o homem com amor divino”, destaca o
Papa.
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