segunda-feira, 11 de abril de 2011

VEJAMOS NOSSO MUNDO HOJE, SEGUNDO A MÍDIA

PAIXÃO DE CRISTO, PAIXÃO DO MUNDO


“Deus amou tanto o mundo que enviou seu Filho ao mundo, não para condená-lo, senão para que o mundo fosse salvo por Ele”
Esta frase do evangelho de São João é uma declaração de amor formal de Deus pelo mundo. Que se pode completar com outras muitas do mesmo evangelho. Por exemplo, com aquele sentido profundo da Paixão e Morte do Senhor: “Jesus, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”, isto é, até o extremo, até a cruz e a morte. Deus é assim. O amor de Deus é assim. A glória de Deus é assim.
Por isso, nosso correto olhar sobre o mundo, tem em Deus, em seu amor, na Cruz de Jesus... seu ponto de partida. E nunca poderemos deixar de abrir nosso horizonte vital para o mundo inteiro que nosso Deus ama com eterno amor. Mesmo que nos encontremos perante o mistério de um amor que, somente a graça de Deus, torna possível.
Vejamos nosso mundo de hoje, segundo a mídia:
1º O Brasil inteiro ficou estarrecido e chocado com o massacre de crianças e adolescentes num colégio do Rio de Janeiro. Crianças mortas e feridas, crianças ensangüentadas e traumatizadas para o resto da vida, mães e pais, familiares, amigos e vizinhos... O país inteiro aos prantos e tentando processar aquilo que impiedosamente, repetitivamente, insistentemente, se nos mostrava na TV: não era mais um filme de terror; era a realidade da vida mesma superando a ficção. O assassino, ex-aluno do colégio, suicidado e o sargento-herói que impediu a continuação do extermínio, continuavam a macabra programação televisiva que finalizava com a exposição do perfil do jovem assassino, em análise psicológica, rotulando-o como esquizofrênico ou psicótico ou...
E assim, essa barbárie que, aqui e acolá se nos noticiava como acontecimento longínquo nos Estados Unidos, de repente, se tornava presente em toda sua crueza na sala de nossa casa. Pensando bem: antes, quando não aconteciam essas tragédias, nós éramos um país do “terceiro mundo”; agora, aos prantos, nós somos um país “emergente”, no grupo do BRIC (Brasil, Índia, Rússia e China). Etiquetas e rótulos de sociólogos e economistas. Somos emergentes também na violência assassina.
Esta notícia deixou na sombra outra, no mesmo dia, que não produz menos calafrios: o trânsito mata cento e sessenta pessoas diariamente no Brasil. E manda diariamente aos hospitais, ao redor de novecentas pessoas feridas para serem consertadas pelos seguros pertinentes. Claro que isto é um dado frio da estatística. Porém, esses mortos e feridos têm pais, mães, filhos, familiares amigos e conhecidos... E o horror vivido pelos que ficam é o mesmo. Na vida paroquial conheço não poucas famílias que, regularmente, rezam por aqueles que se foram, vítimas da violência do transito.
Alguém tem por aí uma estatística dos mortos por “morte matada”, por causa do narcotráfico, de paixões desordenadas violentas, de ambições desmedidas? Também na vida paroquial se encontram famílias que rezam pelos seus, vítimas disto tudo.
(Pouco depois desta tragédia brasileira... Na Holanda, um dos países com maior renda per capita da Europa, no shopping, alguém matou seis ou sete pessoas, feriu outras onze e suicidou-se em seguida. O estilo, o mesmo. Se a moda pega...)
Mas nosso mundo que Deus ama e pelo qual Jesus, o Filho, deu sua vida, é maior. Assim, pois:
2º A Líbia norte-africana e mediterrânea está em guerra civil. Cume de um processo que está em andamento nos países árabes onde os gritos das multidões, que dão voz aos sonhos de liberdade e democracia, têm entrado em nossas casas pela janelinha da TV. Antigos ditadores em Tunísia e no Egito foram depostos. Em outros países, não faltam as balas, as polícias e até o exército, para silenciar as esperanças e os sonhos daqueles que discordam do governo de turno. E o processo está apenas começando. Ninguém sabe quando nem como vai terminar. Não faltam mortos e feridos nas guerras de Irak e de Afganistão ou no terrorismo paquistanês. Menos mas demais, são os mortos na Siria ou no Qatar, entre outros países árabes circunvizinhos.
Por se fosse pouco, a Costa de Marfil conta seus mil e quinhentos mortos oficiais para depor um presidente que perdera as eleições, aferrado ao poder.
E a cereja deste bolo tétrico e mortal, nestes dias, é Israel que continua a se defender dos foguetes do Hamas palestino bombardeando a pequena franja de Gaza, causando mais mortos.
Depois, ainda faltam por contar os milhares de mortos assassinados na guerra mexicana entre a polícia e o exercito contra o poderoso narcotráfico da fronteira com os USA ou as vítimas das FARC colombianas, etc.
Por outro lado, são milhões de pessoas que, sem rumo, são obrigadas a abandonar seus lares, fugindo das guerras, do terrorismo, das revoltas, dos assassinos...
Não são poucos os emigrantes que morrem em frágeis embarcações, fugindo da pobreza africana no sonho, tantas vezes frustrado, de uma vida melhor numa Europa em crise econômica, propiciada pelas ambições da banca internacional.
Penso que com tudo isso, aprendi com São Paulo que Jesus morreu por nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação. A morte é a conseqüência do pecado... Motivos de conversão, não faltam!
3º Ninguém sabe ainda, um mês depois, qual vai ser o resultado final da catástrofe natural do terremoto que, com o sucessivo tsunami, destruiu o nordeste do Japão, com mais de vinte mil mortos e desaparecidos. Pois, o pior ainda está por vir. A radioatividade liberada por usinas nucleares chegou às águas do Pacífico. Quais serão os efeitos sobre a vida marinha ninguém sabe. Até onde vai se espalhar a radiação das águas contaminadas, levadas e trazidas pelas correntes marinhas, também ninguém sabe. Além daquele tremor de terra de quase 9 graus na escala Richter, depois de centenas de outros terremotos menores, outro de mais de 7 graus voltou a matar e a ferir gente. O povo japonês é disciplinado e comedido e poucas opiniões vazam. Por enquanto a China e as duas Coreias, já detectaram alimentos contaminados pela radiação. Se isso acontece com os vizinhos... Podemos imaginar o que está a acontecer no nordeste japonês, onde tentam minimizar os efeitos da catástrofe.
Nisto tudo:
a) contemplo meu Cristo crucificado que como diz Paulo aos Gálatas e a nós: “morreu e se entregou por mim”, numa particularização impressionante da Paixão do Senhor.
b) “a ambição pelas riquezas está na origem de todos os males e pecados” como diz também Paulo, Tiago ou, mutatis mutandis, o próprio Jesus. Por trás das guerras e dos mortos sempre há ambições, em não poucos casos: petróleo!
c) Não existe “guerra santa”. Santa é a Paz, porque são santos e “bem-aventurados aqueles que constroem a Paz”.
d) “A Paz esteja convosco” é a primeira Palavra do Senhor ressuscitado. A grande saudação, para este mundo que ainda rejeita, flagela e crucifica a tantos e tantos, onde aparece o verdadeiro e santo Rosto de nosso Senhor crucificado pelo “pecado” do mundo que está aí.
e) Porque, apesar de todas as evidências de morte e pecado, de catástrofe e destruição, Deus ama o mundo. Que é tanto quanto dizer: apesar da cruz, na qual Jesus foi esmagado e onde “se fez pecado pelos nossos pecados”, Jesus é o “Filho amado em quem Deus se compraz”, porque é nela onde aparece o amor definitivo, inabalável, eterno e irreversível de Deus por nós, com todas as conseqüências.
f) Pois Deus é a utopia do homem, isto é, aquele que atrai o homem e o mundo para seu último sentido de existência.
g) Porque Deus é Amor e só pode ser amor. Porque todos sabemos que nascemos para amar e ser amados, para realizarmos a plenitude do Amor. E aí, só o próprio Deus. Porque “onde abundou o pecado, superabundou a graça”.

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