sexta-feira, 8 de abril de 2011

SOBRE NOSSA VOCAÇÃO EM TEMPOS DE QUARESMA


Tem aparecido, em nosso blog, belos depoimentos de experiências vocacionais de alguns de vocês que me levaram a pensar nos mais de vinte anos de graça, que o Senhor me concedeu como “diretor espiritual” (coloco isto entre aspas, pois sempre me pareceu um título grande e ostentoso demais para mim). Lembro que, nestes tempos, quando apareciam os seminaristas novos de primeiro ano de filosofia, na primeira conversa, a título de apresentação, minha pergunta era sempre a mesma: “Me conte uma história bonita; me conte como foi que você descobriu que tinha vocação para padre”. Era o início da conversa. Nestes tempos de Quaresma lembro que, dentro de poucos dias, todos, leigos e padres, vamos fazer a renovação de nossos compromissos com Nosso senhor. Na Quinta Feira Santa, os clérigos renovaremos nossas promessas sacerdotais, na Missa Crismal. É a Eucaristia, presidida pelo Bispo e concelebrada pelo presbitério, como sacramento de amor e memorial da Paixão e Ressurreição do Senhor, donde surgem os Santos Óleos para as futuras celebrações sacramentais do Batismo, da Confirmação, da Santa Unção, da Ordem No Sábado de Aleluia, dentro da grande liturgia da Igreja e que é a mãe de todas as liturgias, todos (leigos ou clérigos, tanto faz!) renovaremos nossas promessas batismais. Expressão da aliança de nosso amor e de nossa fidelidade para com o Deus que se deu a todos nós pela Paixão-Morte-Ressurreição de seu Filho Jesus. Reviveremos, assim, aquilo que é nossa identidade fundamental, pois todos os que fomos batizados em Cristo somos um corpo, seu Corpo, do qual Ele é nossa cabeça; a ordem sacerdotal é secundária, pois é ministério, serviço, desse Corpo que é a Igreja. Sendo assim, o padre não está por cima de ninguém. Nem por identidade, nem por vocação, nem por função eclesial. Pelo contrário: seu lugar é estar em baixo de todos. Como o Senhor que lavou os pés dos outros e nos mandou fazer a mesma coisa. Como Ele que sendo de condição divina se tornou servo e escravo, obediente até a morte de cruz. Com Ele que, não veio para ser servido senão para servir e dar a sua vida e etc. etc. Nisto estão de acordo os Sinóticos, João e Paulo. E nós, é claro! O Batismo é nosso ponto de partida. A pedra angular de nossa vida. Qualquer coisa que se diga ou que se faça, se não tem este começo, ai, ai... Pois fica claro: A Igreja é para Paulo o Corpo de Cristo e para Pedro um povo sacerdotal, profético e real. Quaresma é tempo de conversão. Isto é: de esvaziarmo-nos de nós mesmos para sermos instrumentos, por, como e em Jesus, ao serviço sacerdotal, profético e real do povo de Deus, ou, do Corpo de Cristo.

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