sexta-feira, 8 de abril de 2011

A BÍBLIA SEGUNDO A FÉ DA IGREJA
Por Idelbrando M. Basílio
Seminarista 3º ano de Teologia


Com as rápidas transformações estruturais que se dá no período atual de nossa história, não é de se admirar que a Igreja tenha se tornado, nos últimos tempos, mais uma opção dentre as varias instituições sociais. Estas mudanças afetaram também, já desde Lutero, uma mudança radical e relativista na leitura das Sagradas Escrituras: “base de toda espiritualidade Cristã autêntica” (Verbum Domini/nº86); é a chamada leitura fundamentalista da Bíblia, longe da Fé da Igreja, incorrendo numa interpretação, pessoal e distorcida, da Verdade que é uma pessoa: “Eu sou o caminho a verdade e a vida”, diz Jesus (Jo 14, 6).
Frente a esta situação não podemos deixar de lado a mediação humana, rejeitando a Tradição viva da Igreja (fonte da revelação), o testemunho dos primeiros cristãos, nem a contribuição do Magistério eclesial, o que incorre num grande perigo para a Fé cristã, porque a Palavra de Deus é dirigida ao homem. Recordemos que a Escritura não é toda a Revelação, nem tudo que Jesus disse ou realizou está escrito. A partir do século XVI com Lutero e companhia limitada, em nome de uma “livre interpretação bíblica”, sem o Magistério da Igreja, depósito da Fé viva, passa-se a conceber uma reviravolta sem precedentes na interpretação dos textos sagrados. Recusar a Tradição viva e o Magistério da Igreja é rejeitar o caráter histórico da Revelação, negando a “íntima ligação do divino e do humano nas relações com Deus” (Verbum Domini/nº44). Isso significa um dos maiores abusos contra a Verdade.
O Magistério da Igreja, riqueza inigualável nos faz penetrar no insondável mistério de Deus. Hoje, vivemos na onda do “Jesus sim, Igreja não”; a negação da instituição Igreja leva, inevitavelmente, à negação da própria Palavra de Deus. Só quem não busca as razões de sua Fé não sabe que quem assegurou, e assegura até hoje, que a Escritura é verdadeiramente Palavra de Deus foi a Igreja. Portanto, se não adiro a Fé da Igreja, minha Fé na Escritura é puramente intimista. Não se trata de colocar a Igreja em pé de igualdade com a Sagrada Escritura, esta é infinitamente superior àquela, mas de saber que isso contraria a própria Palavra de Deus que diz: “nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal” (2Pd 1, 20).
Bento XVI, na exortação apostólica Verbum Domini, diz que, “sendo Palavra que se dirige a cada um, pessoalmente, é também uma Palavra que constrói comunidade, que constrói a Igreja. Por isso, o texto sagrado deve ser abordado sempre na comunhão eclesial”, ou seja, com o auxílio do Magistério. Assim, se faz necessário, e urgente, o resgate de dois aspectos importantes: a leitura comunitária da Escritura, uma vez que, “o sujeito vivo da Escritura é o povo de Deus, é a Igreja” (VD/nº 86) e “ouvi-la na comunhão da Igreja” (DV/nº 86), em comunhão com as testemunhas fiéis da Palavra, para não ocorrer que prestemos conta segundo o juízo divino: “no dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido” (Mt 12, 36). Assim, que todo “homem de boa vontade” possa ter este contato com a leitura dos textos sagrados segundo a fé da Igreja.

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