sexta-feira, 29 de abril de 2011

“Ponte de Deus”

Seminarista Idelbrando M. Basílio
3º ano do Curso de Teologia do Seminário São Pedro

Olhando para o sacerdócio cristão, no decurso da história até nossos dias, não vejo outra imagem que melhor defina o Padre, senão, uma ponte, que liga o homem a Deus. O padre, sem dúvida, revestido de um poder sagrado, é aquele que destrói muros, barreiras fazendo-se ponte numa ligação direta da humanidade com Deus através de suas simples, e ao mesmo tempo, poderosíssimas armas: a oração, o testemunho, a misericórdia e o perdão dos pecados. Assim deve ser o padre: voltado para o alto, com os pés na terra, ao mesmo tempo, pequeno e grande, porque a vocação sacerdotal é para a santificação do mundo, algo que, segundo o santo cura d’Ars, “só será compreendido no céu”.
Talvez, no mundo de hoje, esta imagem esteja perdendo seu sentido pleno. O Santo padre (Bento XVI) em sua homilia por ocasião do encerramento do ano sacerdotal disse: “O sacerdote não é simplesmente o detentor de um ofício, com o qual se realiza uma função na sociedade”. O sacerdote é grande porque faz algo que nenhum outro ser humano, por si mesmo, pode fazer: “pronuncia em nome de Cristo a palavra da absolvição dos nossos pecados e pronuncia sobre as ofertas do pão e do vinho as palavras de agradecimento de Cristo que são palavras de transubstanciação”, em outras palavras, é um outro Cristo.
Hoje se fala muito em padres pedófilos, homossexuais, ‘mercenários’, etc., o que não deixa de ser desvios morais graves que marcam profundamente a vida sacerdotal, mas não existe ferida mais dolorosa na vida da Igreja que um padre que não seja homem da Palavra, da Eucaristia, do perdão, da escuta, um místico! Um padre que não tem uma mística é um sacerdote vazio de sentido de sua própria existência sacerdotal, cumprindo a ‘profecia’ do teólogo alemão Karl Rahner: “O cristão (sacerdote) do século XXI, ou será um místico, ou será um louco”; é deste vazio que brota um sacerdócio identificado como mera função pela qual se realiza algo na sociedade.
O sacerdócio, em sua plenitude, não se configura simplesmente num ofício, nem muito menos, objeto de perjúrio da sociedade – laica - que, cada vez mais, perde a dimensão sacramental desta realidade e ver nela, somente uma função meramente eclesiástica, mas antes, é um sacramento. Com isso, conclui-se que, se o sacerdócio vem do coração de Deus, numa sociedade na qual “Deus está morto”, então o sacerdócio, na visão do mundo de hoje, perdeu sua Sacralidade transformando-se numa função como qualquer outra, desempenhada por qualquer um.
Que todos os sacerdotes possam, com sua própria vida, testemunhar a mesma fidelidade a Cristo vivida pelo “cura de aldeia”, e rezar para que o coração de Deus suscite, sempre mais, santos sacerdotes no mundo. Oremos em favor deles para que vos torneis (sacerdotes) aquilo que és: homem de Deus para o povo; e sabendo livrar-se das ciladas da sociedade “sem Deus”, reconheçam que a grandeza deste sacramento, consiste em Deus servir-Se de um pobre homem, cheio de falhas, limitações, angústias, medos como qualquer outro, a fim de, revestindo-O de um poder sagrado e, através dele, estar presente para os homens, agindo em seu favor. Que todos os sacerdotes possam ser esta ponte de Deus, na qual, “a humanidade e Deus se abraçam continuamente”.

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