quinta-feira, 24 de março de 2011

Vocação: saber ouvir e escolher a melhor parte

A vocação tem uma amiga íntima chamada perseverança...

Por Antônio Roberto,
Seminarista I Teologia,
para o blog do Grupo de Vida João Paulo II –

Falar da vocação: para cumprir esta tarefa, se faz necessário um grande flash-back da vida, e com isso vem à memória tantos fatos, tantos detalhes, tantas pessoas e momentos que fizeram parte de todo esse caminho percorrido até aqui... Mas vocação é essencialmente isso: pensar e repensar um chamado que antes, num contexto de vida totalmente diferente do atual, jamais pensaria existir.
E o despertar de minha vocação aconteceu mais ou menos assim. Costumo datar como o “divisor de águas” as festas de fim de ano de 2005 para 2006. Até então eu, um jovem com 21 anos de idade, não pensava jamais em abraçar a vida sacerdotal e suas implicações. Na época eu até estava namorando e estava muito bem no relacionamento. Estudava e dava aulas de inglês, nos fins de semana praticava minhas atividades pastorais leigas na paróquia, era inclusive líder de comunidade, estava inserido na liturgia e na Pascom, coordenava o grupo paroquial de coroinhas, enfim, tudo isso fazia sem sequer me tocar que este era exatamente o terreno que o Senhor havia preparado para poder lançar a semente...
Para o discernimento vocacional acontecer, é muito importante o apoio do padre, ele que conhece porque já trilhou esse mesmo caminho. Apoio este que eu não posso negar que tive – aliás, ele (Padre Murilo) foi a primeira pessoa nesse mundo a me interpelar se eu não desejaria ser padre. Foi ele que me indicou participar dos encontros vocacionais paroquiais e do seminário, no ano de 2006-2007, e me enviou ao mesmo seminário em 2008, meu ano de ingresso no Propedêutico.
Outro fator que me fez ouvir nitidamente aquele convite maior foi perceber a realidade da minha paróquia e de tantas outras: um povo sedento de Deus, mas caminhando como ovelhas sem pastor, necessitado e carente da presença amiga de um líder religioso... Observando isso, meu coração ardia literalmente: estar no meio do povo como aquele que serve, este se tornou meu grande desejo. Logo em seguida, eu (já pensando melhor no que Deus queria me dar como missão nesta vida) comecei a realizar encontros, fazer visitas e assim fui chamado a ser celebrante da Palavra nas comunidades da minha paróquia (Parnamirim - RN). Era o que faltava para confirmar o chamado divino: nada mais neste mundo me dava – e ainda dá – tanta alegria, quanto estar a serviço da Igreja.
Hoje em dia, a caminhada continua. Foi dado o primeiro passo: entrar no seminário e receber a devida formação. Mas a realidade é que vocação se vive diariamente. E mais: para aquele que foi chamado a ser ministro de Deus, a vocação tem uma amiga íntima chamada perseverança contra um batalhão de inimigos: apego, comodismo, busca por poder e status, egoísmo, egocentrismo, mente fechada, mau uso da liberdade, confundir vocação com profissão etc. Como o ouro provado no fogo, vai realmente responder à vocação aquele que perseverar até o fim... E o fim da vocação é prestar contas com Deus se você foi ou não um servo bom e fiel.
Portanto eu afirmo: viver intensamente aquelas festas natalinas do ano de 2005 significou em minha vida “abrir os ouvidos” para escutar a voz de Alguém que me chamava para voar mais alto, a sair em busca de algo bem maior e também muito gratificante. Por quê? “Porque é a melhor parte escolhida, a qual não será jamais tirada”.

2 comentários:

  1. Valeu Antônio, você tem um história vocacional muito bela tão parecida e tão diferente de tantas outras. Pois nenhum chamado se repete, ao contrário, é diferente e especial para cada pessoa e nem nós mesmos conseguimos explicar. Perseverança!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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