segunda-feira, 21 de março de 2011

SEMINARISTA FRANCISCO FALA SOBRE O VALOR DO CELIBATO

Celibato: “liberdade ou opressão maléfica”?

O sentido etimológico da palavra celibato vem do latimcaelibatus” que significa "não casado". Como se sabe, na sua definição literal, é uma pessoa que se mantém solteira, mantendo a castidade, não tendo relações sexuais.
A castidade se relaciona subjetivamente com a pessoa: pode-se dizer que é uma tarefa eminentemente pessoal. A castidade é, na verdade, um dom de Deus. E esse “dom” nos foi dado perfeitamente através de seu Filho Jesus, alicerce do celibato. Somos livres e desempedidos para aderirmos ou não a este “dom”.
Como alguém pode dizer que o catolicismo oprime e obriga os seus fiéis e os sacerdotes a viver a castidade? E que obrigá-los a viver o celibato é um grande mal? É algo incompreensível!
A certeza que se tem é: somente compreende o porquê do celibato quem o entende de verdade antes de praticá-lo. O catolicismo promove a total liberdade de escolha para seus filhos. Ninguém é obrigado a ser celibatário, e aquele que não vive a castidade não quer dizer que vai para o inferno. Da mesma forma, ninguém é obrigado a aceitar a religião X ou Y ou ter Jesus em sua vida. Como foi dito acima, somos seres livres para escolhermos e distinguirmos entre o bem e o mal.
Então, é por isso que o cristianismo defende com toda convicção a prática do celibato: o Mestre, sinal perfeito e visível, foi um celibatário - isto diz a nossa fé – e assim instruiu seus seguidores (os cristãos) a fazerem o mesmo: “Dei-vos o exemplo para que, como eu fiz, também vós o façais” (cf. Jo 13,15). O celibato tornou-se obrigatório para seus sacerdotes somente no século XII; antes disso não era regra de vida sacerdotal. Talvez por causa desse fato, seja tão criticada a aderência a este dom.
Observa-se uma Igreja Católica mais frágil, antes de aderir ao celibato. Isso se relacionando às tentações, às quedas e às depravações que a história nos mostra.
Diante de todas as crises internas atuais que o catolicismo vem enfrentando, não deve ser isso motivo para a abolição de algo que tem identidade tão presente na Igreja. É necessária em grau extremo a permanência desta arma contra o inimigo. É com a vivência da castidade que o sacerdote descobre a grandeza da sua vocação, que o leva a abraçar na vida essa perfeita continência, observando sempre o exemplo maior: a virgindade de Cristo. Sem a castidade, certamente, o sacerdote torna-se muito mais fraco.
O número dos que duvidam de uma castidade concreta cresce a cada dia. Fazem mais ou menos dez dias, houve uma discussão com alguém a respeito disso. Simplesmente a pessoa julgou, através de uma visão modernista, que o celibato é algo imposto pela Igreja. E que a Igreja sabe que o celibato é algo antinatural, só não assume! Na verdade a pessoa quis dizer que o ser humano (em particular o padre) não consegue viver profundamente o celibato.
Para defender este princípio, que faz um bem imensurável à Igreja de Cristo, João Paulo II (in memoriam) afirma em uma carta destinada aos sacerdotes: “fruto de equívoco — se não mesmo de má fé — é a opinião, com freqüência difundida, de que o celibato sacerdotal na Igreja Católica é apenas uma instituição imposta por lei àqueles que recebem o sacramento da Ordem. Ora, todos nós sabemos que não é assim. Todo o cristão que recebe o sacramento da Ordem compromete-se ao celibato com plena consciência e liberdade, depois de preparação de vários anos, profunda reflexão e assídua oração. Toma essa decisão de vida em celibato, só depois de ter chegado à firme convicção de que Cristo lhe concede esse «dom», para o bem da Igreja e para serviço dos outros. Só então se compromete a observá-lo por toda a vida”.
Além disso, a Palavra de Deus ensina que a castidade é um estado de honra e que nem todos podem adquiri-la. “Solteiro o homem está preocupado com as coisas do Senhor, a forma de agradar ao Senhor. Porém, o homem casado está preocupado com as coisas mundanas, como agradar à sua esposa, e seus interesses estão divididos. E a mulher solteira está preocupada com as coisas do Senhor, como ser santa no corpo e espírito. Mas a mulher casada está preocupada com as coisas mundanas, como para agradar o marido. Digo isto para seu próprio benefício, para não estabelecer qualquer restrição sobre você, mas para promover a boa ordem e para garantir a sua indivisa devoção ao Senhor." (I Cor 7, 32-35).
Portanto, tendo em vista essas palavras, livremente conscientiza-se: aquilo que está na essência é o princípio. Olhando para Jesus, o único e perfeito exemplo, pode-se dizer: lá está o autêntico fundamento do celibato. Jamais malefício, mas um grande e importante benefício. Agora, obviamente que isso só ganha fundamento concreto se puder se levar em consideração, usando da liberdade, o que se chama de hierofania (manifestação) do Espírito Santo de Deus. E bem se sabe: durante esses dois mil anos já passados, a Igreja foi guiada e iluminada por este mesmo Espírito Santo. E ainda hoje é, e eternamente será.
Atenciosamente:
Sem.Francisco de Assis da Silva

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto e pela coragem de falar sobre um tema tão polêmico, principalmente hoje, onde as pessoas falam tão negativamente deste bem tão precioso para nós e para a Igreja. O artigo é muito belo e esclarecedor.

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