quarta-feira, 23 de março de 2011

EXPERIÊNCIA QUE ANIMA A VOCAÇÃO

SEMINARISTAS MISSIONÁRIOS: UMA EXPERIÊNCIA QUE ANIMA A VOCAÇÃO SACERDOTAL

Francisco Lima dos Santos
(Seminarista da Diocese de Santarém-Pará)

Neste ano de 2011, fui enviado para fazer um ano de missão na Diocese de Santíssima Conceição do Araguaia, na região sul do Pará. Meu Bispo, Dom Esmeraldo Barreto de Farias, bispo da Diocese de Santarém, percebeu a necessidade de se formar padres que sejam missionários. Padres que saibam dialogar, escutar, partilhar, caminhar junto com o povo e que busque construir uma Igreja viva e missionária. É claro que a missão também parte de um convite especial não somente do Bispo, mas primeiramente de Deus. Por isso respondi a esse apelo, porque antes de ser padre, desejo primeiramente sentir a manifestação do amor de Deus em mim que se dá por meio do contato com o povo de Deus, pela escuta atenta da Palavra e pela oração.
Todos os anos participo da experiência missionária, um momento de encontro com as famílias, lideranças de comunidades de diversas áreas pastorais da minha Diocese. Momento de encontro também com seminaristas de outras dioceses do Brasil. Eles partilham suas experiências de missão e torna a experiência missionária mais rica. Mas essa não é a única forma de se fazer missão. Em cada lugar isso acontece com seus objetivos próprios e seu modo peculiar de organização, pedagogia e formação dos missionários.
Aqui, na Diocese de Santíssima Conceição do Araguaia, o Bispo Dom Dominique You acredita que a missão também deve se estender às escolas das diversas cidades da Diocese, aos leigos e às lideranças por meio da Missão Itinerante e Missão da Caridade. Todos os seminaristas desta Diocese fazem essa experiência. Estou aqui com esse objetivo, de levar a Boa Nova a outras pessoas, mas principalmente aprender ser humilde para acolher esse novo jeito de fazer missão.
É uma pena que nem todos os seminaristas estejam abertos para a prática missionária. Alguns afirmam que tem medo do desconhecido. Outros acham que o importante é ser padre logo, só depois eles decidem se querem ser padres missionários. Alguns dizem que só fazem missão porque foi uma exigência do Bispo, etc. Isso porque estão voltados primeiramente para si, para seus objetivos e não para a missão. “É evidente que, voltados para nós mesmos, vamos sofrer menos, porque a perspectiva será a nossa, e podemos nos defender. Mas, se estamos voltados para a missão, teremos a alegria de seguir os passos de Jesus missionário”.
Sou feliz por ser um seminarista missionário. Participei de várias experiências de missão, mas isso não significa que já sei de tudo.  Na verdade há sempre algo novo que se apresenta na nossa frente. “A missão é sempre uma escola, na qual aprendemos muito e a cada dia”. Confesso que tive medo quando fui enviado. Antes de viajar, muitas pessoas chegaram a afirmar que o Sul do Pará é um lugar violento, de guerrilhas e que eu não deveria confiar nas pessoas daqui. Outras pessoas pediram que eu desistisse da viagem. Mas não permiti que o medo tomasse conta da minha vida. E que desistir não seria o caminho. O Apóstolo Paulo não desistiu quando ficou sabendo das ameaças dos judeus em Jerusalém. Ele sabia da missão que recebera e estava preparado para enfrentar cadeias e tribulações “Mas de forma alguma considero minha vida preciosa a mim mesmo, contanto que leve a bom termo a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus; dar testemunho do Evangelho da graça de Deus” (At 20, 24). É o próprio Jesus quem faz o apelo: “Ide por todo mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura”. (Mc 16, 15). Não importam as dificuldades que se apresentam em cada missão. Confiante no Senhor encontro forças para superá-las. O Senhor é minha luz e salvação, de quem terei medo?  O que me faz feliz é quando percebo que o outro estar feliz por ter conhecido Jesus, é quando vejo o sorriso no rosto de cada pessoa, é saber que contribuí para o bem do outro e que este está bem porque foi ajudado. Assim, não há motivo para ter medo. O Senhor nos diz: “Não tenham medo” (Mt 28, 5).  “O que nos define não são as circunstâncias dramáticas da vida, nem os desafios da sociedade ou as tarefas que devemos empreender, mas acima de tudo o amor recebido do Pai graças a Jesus Cristo pela unção do Espírito Santo”. (DAp 14).
Portanto, vejo que um ano de missão não quer dizer que já posso ser padre, mas sei que devo estar em estado permanente de missão. O seminarista tem que primeiramente desejar fazer essa experiência como a “do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 29-37), que nos dá o imperativo de nos fazer próximos, especialmente com quem sofre, e gerar uma sociedade sem excluídos, seguindo a prática de Jesus que come com os publicanos e pecadores (cf. Lc 5, 29-32), que acolhe os pequenos e as crianças (cf. Mc 10, 13-16), que cura os leprosos (cf. Mc 1, 40-45), que perdoa e liberta a mulher pecadora (cf. Lc 7, 36-49; Jo 8, 1-11), que fala com a Samaritana (cf. Jo 4, 1-26).” (DAp 135). Esta é a experiência que desejo fazer durante esse ano de 2011. Peço que façam orações por todas aquelas pessoas apaixonadas por Cristo, que responderam sim a este chamado para a missão e anunciam a salvação a todos os povos por meio d’Ele.

2 comentários:

  1. O texto é um verdadeiro convite a nós seminaristas, como também a todos os cristãos a ser o que a Igreja é verdadeiramente: missionária. Valeu Francisco pelo belo texto.

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  2. Lendo o texto podemos notar que foi escrito com o espírito de missionário, de alguém que se desinstá-la para seguir a Cristo, por amor a Igreja e aos irmãos. E descobre que ele é o nosso tudo e, com Ele, nada podemos temer. Pois Ele não nos tira nada, ao contrário, nos dá tudo que precisamos para anunci-a-lo.

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