segunda-feira, 28 de março de 2011

A DIREÇÃO ESPIRITUAL NO SEMINÁRIO

Pe. Jailton Soares

A antropologia sobrenatural cristã evidencia que o cristão não pode ser compreendido nem ajudado apenas por meio das ciências humanas (psicologia, pedagogia, sociologia, etc.), uma vez que é, ontologicamente (não só moralmente), uma criatura nova (2 Cor 5,17), um homem novo (Ef 4,24), em quem foi restaurada, pelo batismo, a semelhança  com Deus (Catecismo da Igreja Católica, n. 734, 1701), pois foi feito, pela graça do Espírito Santo, participante da natureza divina (2 Ped 1,4;  Catecismo da Igreja Católica, n. 460). Por isso é larga a importância que o Magistério Eclesiástico tem dado ao tema da dimensão espiritual da formação sacerdotal e, especialmente ao acompanhamento espiritual pessoal. Ao longo de vários decênios, como sabemos, esta tem sido uma prática um tanto descuidada: não raramente, em algumas realidades formativas, a direção espiritual tem-se limitado quase que exclusivamente à orientação coletiva, por meio de palestras, meditações e retiros, etc., coisa importante, mas insuficiente.  Vê-se claramente que está havendo agora um desejo de que seja resgatada a prática da direção espiritual no sentido clássico de orientação individual, pessoal. A Exortação Apostólica pós-sinodal Pastores dabo vobis (25/3/1992), ao tratar da pastoral vocacional, enuncia um programa que é válido para todos: “É preciso redescobrir a grande tradição do acompanhamento espiritual pessoal, que sempre deu tantos e tão preciosos frutos na vida da Igreja” (n. 40).
Considerando o acima posto, é mister vislumbrar a figura dos diretores espirituais que devem preocupar-se de tudo o que se refere à formação espiritual de quem quer ser sacerdote. Os cânones 245 e 246 falam especificamente da formação espiritual que deve prestar um seminário: e essa é uma função específica de diretor espiritual. Também deverá encarregar-se da pregação no seminário; muitas vezes se realizará por meio de outros, mas será função dos diretores espirituais assegurar a pregação periódica, quiçá estabelecendo um plano de práticas ou reflexões que garantam uma pregação organicamente estruturada. Estes são dois exemplos das funções de direção espiritual comuns a todo o seminário.
E tampouco aí acabam as funções dos diretores espirituais. Os diretores espirituais deverão seguir o andamento de cada aluno, não só oferecendo-se a falar com cada um, senão preocupando-se do acompanhamento e direção espiritual de cada um. Enfim, o seu papel deve consistir, principalmente, em orientar e ajudar o dirigido a alimentar e aumentar a vida da graça, a cultivar as virtudes (teologais e morais ou humanas), e a buscar uma purificação e união com Deus cada vez maiores, de modo a se tornar capaz de secundar com delicadeza as moções do Espírito Santo, que não cessa de impelir para uma vida santa por meio dos seus dons.



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