segunda-feira, 28 de março de 2011

VOCAÇÃO E MISSÃO

Nestes dias, em nosso Grupo de Vida João Paulo II aparecem artigos de seminaristas, bem interessantes e proveitosos que nos trazem a todos sua experiência vocacional e missionária. Como orientador espiritual, por vocês nomeado, também eu quero dar meu humilde palpite ao respeito. Porque o chamado do Senhor é sempre para a missão.
1º Todos nós participamos do mesmo chamado (vocação) do Senhor. Nenhum de nós foi chamado para ser uma espécie de “funcionário eclesiástico”, senão para ser seu seguidor e discípulo. Vejamos algumas vocações:
a)      Os primeiros discípulos: Pedro e André, Tiago e João, pescadores da Galileia, ouviram a palavra mágica de Jesus: “segui-me” e, todos deixaram as barcas, as redes e os dois últimos até o próprio pai, Zebedeu. O resto de suas vidas será um seguimento de Jesus, onde encontrarão seu sentido na vida e na morte.
b)      Também Levi-Mateus, o publicano (e, por definição, pecador público) seguiu Jesus do mesmo modo e ninguém se incomodou demais pelas críticas que apareceram, pelo fato de Jesus ser seguido por publicanos e pecadores.
c)      Ao jovem rico o Senhor disse: “Se queres ser perfeito vai, vende os teus bens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me”. Aqui aparece a condição primeira da obrigação para com os pobres (que é fundamental no Reino anunciado e trazido por Jesus), para que o seguimento de Jesus seja verdadeiro. Mas, o jovem rico optou por sua riqueza e foi-se embora muito triste porque tinha muitos bens. No fim, aquele jovem rico optou pela tristeza.
d)      A outros, desconhecidos, Jesus convidou-os com toda radicalidade, por exemplo: “deixa que os mortos enterrem seus mortos. Tu, vem e segue-me”. Até esse ato piedoso e obrigatório de enterrar o pai, é secundário perante a urgência do seguimento de Jesus.
e)      Não menos radicais e comprometederas aparecem as palavras do Senhor: “quem quiser ser meu discípulo, negue-se a si mesmo, tome sua cruz todos os dias e siga-me; pois, quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la e quem perder sua vida por causa de mim, vai salvá-la”. É o paradoxo do sentido da vida que se encontra no seguimento do Senhor. Ou não se encontra.
f)       O seguimento do Senhor se coloca até por cima de pai, mãe, irmãos, esposa, filhos, casas, campos, das que terão o cento por um aqueles que deixaram tudo para segui-lo e depois, a vida eterna.
Assim, pois vocação é seguir o Senhor, andar, caminhar, crescer, acreditar, amar, fazer acontecer na vida na dês-instalação ... como os discípulos ou apóstolos fizeram. Quando a gente lê com atenção os Evangelhos, a gente descobre as fraquezas, a fragilidade daqueles homens que o seguiram. Mas nenhuma destas limitações impediu  seu seguimento com todas as conseqüências.
2º Jesus preparou seus discípulos para a missão, pois Ele mesmo enviou, primeiro os doze e depois outros setenta e dois, para anunciar a chegada do Reinado de Deus. Isto é, àqueles que Ele escolheu (“vocacionou”), Ele mesmo os enviou para partilharem de sua própria missão. E é muito interessante a grande exclamação de alegria de Jesus, quando os discípulos voltam e lhe contam que tinham cumprido a missão que lhes encomendara. Jesus exulta dizendo: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e prudentes e as revelaste aos pequeninos...”
3º: A conclusão dos quatro evangelistas, para aqueles que lêem, acreditam e se comprometem com o Evangelho de Jesus é que são, fundamentalmente, missionários. Vejamos as últimas palavras colocadas em lábios de Jesus ressuscitado pelos quatro evangelistas:
a)      Em Marcos : “Ide por todo o mundo e proclamai a Boa Nova a toda a criação. Quem crer e for batizado se salvará; quem não crer, se condenará. Estes são os sinais que acompanharão àqueles que creram: em meu nome expulsarão demônios, falarão novas línguas, pegarão serpentes em suas mãos e embora bebam algum veneno, não lhes fará mal algum, imporão as mãos sobre os enfermos e serão sarados” (Mc 16, 15-18).
b)      E em Mateus: “Foi-me dado todo poder no céu e na terra. Ide, pois, e fazei discípulos a todas as gentes, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a guardar tudo aquilo que vos mandei. E sabei que eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28, 18-20)
c)      Em João, na primeira aparição do Ressuscitado escutamos: “Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio” (Jo 20, 21).
d)      E Lucas: “Assim esta escrito: que o Cristo devia padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia, e se pregasse em seu nome a conversão para o perdão dos pecados a todas as nações, a começar por Jerusalém. Vós sois testemunhas de tudo isto” (Lc 24, 45-48); Lucas continua seu Evangelho no livro dos Atos dos Apóstolos onde nos conta o nascimento da Igreja como missão, com Pedro, Paulo, Felipe e etc. O inicial “segue-me” com que Jesus chamou àqueles homens, no fim do processo de convivência com o Senhor, tornou-os a todos, sem exceção, missionários.
A missão, que começara em Jerusalém, não demorou em se espalhar pelo mundo conhecido no momento, isto é, pela bacia do Mediterrâneo; desde o império persa no oriente até o ponto mais ocidental do império romano pelo ocidente. Ao longo dos séculos se expandirá pela Europa, pelas Américas e menos pela Ásia. Missionários e testemunhas exemplares não faltam na história da Igreja e do mundo.
Como diria Paulo VI na Evangelii Nuntiandi: A Igreja existe para evangelizar. João Paulo II tornou seu pontificado uma missão “ad gentes”. E não esqueçamos o documento de Aparecida com Bento XVI. E nesta saga, com toda humildade, podemos dizer: A Igreja é missão. Ou não é.

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