segunda-feira, 26 de setembro de 2011

MEDITANDO A PALAVRA

UMA SIMPLES CHARADA
(Mt 21,28-32) no 26º Domingo do Tempo Comum

Jesus está falando, não mais para os aldeões galileus, mas com o pessoal da capital, de Jerusalém. Nada mais e nada menos do que com anciãos e sacerdotes. Isto é a elite sócio-religiosa de Israel.
A charada: Jesus argumenta no estilo maiêutico e pergunta para eles, a propósito do pai que tinha dois filhos, aos quais manda trabalhar na vinha. Um, malcriado, diz que não vai, mas, no fim, vai. O outro, enganoso, diz que vai, mas não vai. Quem fez a vontade do pai? –é a pergunta.
A resposta é óbvia e está incluída na pergunta: quem fez a vontade do pai. E fica claro que esse pai é Deus que, tem dois tipos de filhos.
O comentário de Jesus que se segue, é, como mínimo, surpreendente, chocante e até agressivo: “Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precederão no reino dos céus”.
Assim, pois, o filho enganoso é assimilado às elites sócio-religiosas de Jerusalém e do Templo. O culto no Templo era o centro da religião de Israel. Tudo aquilo que tivesse relação com o Deus de Israel acontecia no Templo. Porém, nem fariseus, nem essênios, nem outros grupos religiosos e nem o próprio Jesus compactuavam com aquela aristocracia sacerdotal e corrupta do Templo, que era motivo de politicagens entre as grandes famílias e nomeada por governadores romanos, naquele momento. Não nos consta em lugar algum que Jesus partilhasse mesa com eles.
O filho malcriado é assimilado a cobradores de impostos e a prostitutas. Jesus compartiu comidas com eles, coisa que jamais faria grupo religioso ou familiar nenhum em Israel. Jesus era amigo de Mateus, de Zaqueu, deixava-se acompanhar por mulheres e se deixava tocar por elas (como no caso da que ungiu seus pés). Para os espíritos mais puritanos e timoratos era atitude escandalosa. Porque estes precedem os outros no Reino de Deus? É simples: porque creram no caminho da justiça anunciado por João Batista e que, no fim, levaria até Jesus, segundo o evangelista.
No fim a questão para Jesus é sempre a mesma: o reino de Deus. A conversão para o reino. Que é dos pobres, dos aflitos, dos famintos, dos que choram, dos misericordiosos, etc. E, nesta ocasião, dos cobradores de impostos e das prostitutas ou seja, dos pecadores oficiais. É, mais uma vez, a solução da charada, nesta ocasião, para a elite intelectual da cidade que sendo representantes da religião estão, porém, longe do reino de Deus. A conversão não chega para eles. Mas, para eles ficará o interrogante, como resultado da conversa com Jesus: como é que um galileu inculto, por mais que alguns digam que é um profeta e que para outros tem uma conduta raiando no escândalo, pode ousar dar lições para eles?
Para nós é simples: “é a misericórdia que quero e não o sacrifício” ou em outro linguajar mais paulino é a “fé que age pela caridade” e não a religião ritual vazia. As obras da fé e não da lei. Mas aqui entramos de cheio em outras questões que podemos deixar para outro dia.
Feliz dia do Senhor!

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