sábado, 14 de maio de 2011

AMAR É OUVIR
Por Antônio Roberto*

Olá, caríssimos seguidores!! Mais uma vez venho ao vosso encontro para partilhar algumas palavras que - desejo - possam ao menos ser objeto de reflexão... A temática ora escolhida foi justamente o amor.
Estou por esses dias lendo e meditando, ao mesmo tempo, o quarto Evangelho e o livro do Pe. Marcelo Rossi, “Ágape”, e descobrindo um universo de coisas sobre o amor, escondidas nas entrelinhas da Bíblia. Logicamente não estou querendo aqui fazer tipo um merchandising do livro do padre, mas quero unicamente compartilhar convosco minha experiência de reflexão como leitor do referido livro.
 Todo o livro é baseado em alguns textos do Evangelho de São João, a saber: Capítulo 1 (Prólogo); Capítulo 2 (as Bodas de Caná); Capítulo 4 (a Samaritana); Capítulo 6 (a Multiplicação dos Pães); Capítulo 8 (a Mulher Adúltera); Capítulo 10 (o Bom Pastor); Capítulo 11 (a Ressurreição de Lázaro); Capítulo 13 (Cristo e o gesto do Lava-Pés); Capítulo 15 (o Mandamento do Amor Fraterno); Capítulo 19 (a Crucificação de Jesus); Capítulo 20 (Ressurreição e Aparição aos Discípulos) e capítulo 21 (a Profissão de Amor de Pedro). Não se estranha o fato de que a maior preocupação de São João foi mostrar, em seus escritos, que Jesus é Amor. E se somos de Cristo, também devemos ser Amor.
Sendo assim, rendendo-me às palavras doces do Evangelho, compiladas e explicadas divinamente pelo padre, estou compreendendo o verdadeiro sentido, a justa resposta para a pergunta: “o que vem a ser o verbo AMAR?”. De tal forma que, observando nosso mundo ao redor, não mais encontramos espaço no coração das pessoas para este sentimento magnífico, razão do nosso viver. O mundo se compraz hoje diante do ódio e da inimizade; esquece-se do estender a mão porque o que mais importa é olhar pra frente e não para o lado, onde está justamente Aquele que - no irmão mais próximo – clama pela nossa atenção. É como se conta numa estória: “o mestre e seu fiel discípulo caminhavam juntos no centro de uma grande cidade. Observavam as pessoas agitadas, atrasadas, correndo, empurrando umas às outras, aquele buzinaço ensurdecedor dos veículos, o estresse frenético dos motoristas... Enfim muito, muito barulho. E, num determinado momento, os dois passaram perto de um pobre pedinte no meio da calçada junto a um poste, segurando uma caneca que, estendida, servia para as pessoas colocarem sua ajuda. Para isso, tentando ser ouvido no meio daquele zum-zum-zum todo, gritava sem parar: ‘ajudem, pelo amor de Deus...’. Mas pouquíssimas pessoas o davam atenção... Vendo essa triste cena, perguntou o discípulo: ‘Mestre, porque será que esse pobre homem está assim, tendo que passar por essa situação deplorável, pedir e ninguém o escutar?’ Olhando para ele e dando um suspiro profundo, respondeu o mestre: ‘Meu filho, sua pergunta tem uma única resposta: as pessoas só ouvem o que querem ouvir, só escutam o que e quem lhes dá prazer. Quer uma prova?’ ‘Sim’, disse o discípulo. Tomando pois uma única moeda na mão, o mestre a jogou para cima e, deixando-a cair no chão, percebeu que dezenas de pessoas que por ali naquele exato momento passavam ouviram o barulho da moeda caindo, e logo botaram a mão no bolso, pensando ser dinheiro deles...”.
Que realidade presente nesse conto, não é mesmo, meus irmãos? Isso nos comprova que, infelizmente, temos dois ouvidos mas não conseguimos ouvir (e se ouvimos, não escutamos, não damos atenção); temos dois olhos, mas quando é que de fato enxergamos? E nossa boca, com que frequência é usada para falar de Deus e do seu amor?
Compartilho convosco esses pensamentos, iluminados pelo Santo Evangelho e pela leitura das linhas do livro Ágape, na esperança de que possa eu, possa você, possamos todos nós juntos, dar mais ouvidos a esse Cristo que clama nossa atenção, não só no pedinte do meio da rua, mas também naquele que dia e noite faz perceber-se no meio de nós... Ouçamos, porque amar também é ouvir.

Antônio Roberto é seminarista,
cursa o I Ano de Teologia
e escreve mensalmente para
este blog.

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