domingo, 3 de julho de 2011

“Não tenho, de fato, de que gloriar-me, se eu anuncio o Evangelho; é um dever este que me incumbe, e ai de mim, se não pregasse!”

PEDRO E PAULO

Dom José Alberto Moura, CSS

Arcebispo Metropolitano de Montes Claros – MG

 

Numa só festa comemoramos Pedro e Paulo. Ambos foram martirizados em Roma. A sepultura do primeiro se encontra embaixo do altar mor da basílica do Vaticano. Os restos mortais do segundo se encontram na basílica com seu nome, fora dos muros antigos de Roma. Deram a vida para serem fiéis à resposta ao chamado de Jesus, testemunhando sua divindade. Não fosse sua convicção de fé não se teriam sacrificado, dando tudo de si na missão recebida de levar a todos Evangelho. São sustentáculos da Igreja instituída pelo Divino Mestre.
Pedro, colocado como chefe da Igreja, nos dá a garantia de seguirmos com segurança o caminho de Jesus, tendo a força de sermos, como Igreja, grande farol indicativo do caminho que leva à vida plena. Na sua realidade humana confiou plenamente na força do Senhor para realizar a incumbência oferecida pelo Ressuscitado: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,16); “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dou-te as chaves do reino dos céus, e o que ligares na terra será ligado nos céus” (Mateus 16, 18-19).
Paulo, convertido após Jesus ter realizado sua missão de nos salvar, dedicou-se totalmente a espalhar de modo ardoroso e destemido a Boa-nova de Jesus por onde pode estar presente, convicto do envio que Jesus lhe fez: “Tenho, porém, a ambição de pregar o Evangelho onde Cristo não foi ainda anunciado”(Romanos 15,20). Sua grande preocupação: “Não tenho, de fato, de que gloriar-me, se eu anuncio o Evangelho; é um dever este que me incumbe, e ai de mim, se não pregasse!” (1 Cor. 9,16). A fé move sua pregação: “Acreditei; por isso, falei” ( 2 Cor. 4,13).
Estes dois baluartes da Igreja instituída por Jesus nos dão, além do mais, as seguintes seguranças na caminhada como verdadeira comunidade eclesial de Cristo: o ensinamento surgido de Jesus e transmitido pelos Apóstolos. Pedro nos garante a solidez da fé no Ressuscitado; Paulo nos forma na mesma fé para também anunciarmos a pessoa do Salvador e o que Ele nos ensinou através dos Apóstolos. Não podemos abrir mão de nossa fé, sendo verdadeiros seguidores ou discípulos de Jesus. Não podemos também abrir mão de nossa vocação e ação missionária, tão necessárias no mundo de muitas propostas desviadoras dos valores do Evangelho. A sucessão apostólica nos dá base para compararmos os ensinamentos, mesmo sobre Jesus e seu Evangelho, com sua sustentação doutrinária e magisterial.  O diálogo com as culturas e religiões nos favorece, com a força da autoridade de Pedro e Paulo, para termos a nítida revelação de Jesus com a certeza da autoridade dada a estes apóstolos e seus sucessores. Deste modo, respeitamos a todos, mas não deixamos de mostrar nosso entendimento, com o valor da pessoa do Ressuscitado e de seus ensinamentos, que podem ser coincidentes com outros irmãos de outras confissões religiosas. O melhor é justamente nossa fraternidade para, em coerência e nitidez sobre os ensinamentos de Jesus, ajudarmos a sociedade a viver mais na justiça, na solidariedade e na paz. A Igreja é instrumento de serviço para a humanidade, promovendo a ética, a dignidade e a vida plena para todos.

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