O missionário seminarista
Dom Pedro Brito Guimarães,
Arcebispo de Palmas – TO
Os Seminários no Brasil estão em fase de conclusão de suas atividades formativas: contando os dias para o encerramento do ano acadêmico e fechando as portas para balanço. Só se ouve falar de conclusão de cursos, monografias, formaturas, ordenações, desistências, estágios pastorais, avaliação, planejamento, reformas, construções, mudanças de equipes, e de férias, sobretudo. Ao mesmo tempo, já começam a formatação do Projeto de Formação para o próximo ano. De uma coisa, contudo, não podemos ficar indiferentes ou dar por descontada: as experiências missionárias, pedagogicamente programados e acompanhados, para o período das férias.
Como presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, participei de dois eventos relacionados às vocações sacerdotais e à formação pastoral-missionária dos seminaristas. Confesso que voltei destes eventos ainda mais convencido do seguinte: a necessidade e a importância dos estágios pastoral-missionários de seminaristas no período das férias escolares. Esta proposta foi transformada em Projeto das duas Comissões, a dos Ministérios Ordenados e a da Missão e colocada no Plano Quadrienal da CNBB (2012-2015). Queremos, com isto: conhecer, aprofundar, apoiar e incentivar estas experiências missionárias de férias; fazer um levantamento das mais significativas e socializá-las; incentivar as dioceses que ainda não se abriram para este tipo de experiência; contribuir com o aprofundamento, a reflexão e a sistematização dessas experiências, a fim torná-las mais refletidas e tematizadas; perceber qual é a pedagogia empregada nestas experiências (DFPIB 303). No fundo, no fundo, gostaríamos que os nossos Seminários fossem espaços educativos para formar missionários seminaristas e depois missionários presbíteros - no dizer das Diretrizes (DFPIB 182) - e não somente de seminaristas e presbíteros missionários.
Infelizmente o tempo do Seminário é pensado com base na dimensão intelectual, como uma escola ou uma academia: começa quando vão começar as aulas e termina quando terminam as aulas. Não é este o pensamento das atuais Diretrizes da Formação dos Presbíteros. Ao contrário, elas denominam a formação pastoral-missionária de “princípio unificador de todo o processo formativo” (DFPIB, 300). A formação, no entanto, nunca entra de férias, a espiritualidade não tira férias. Todo tempo, espaço e evento são formativos e não apenas no período acadêmico.
Comumente também as férias durante o processo formativo são mal-entendidas. Somente deputados, senadores, magistrados e outras categorias, tem os privilégios de gozarem tantos meses de férias como acontece com os seminaristas. As outras classes trabalhadoras não são contempladas com esta mordomia. Na Igreja não poderia ser diferente. Férias comumente são associadas a não fazer nada, a descansar, a passear. Este conceito corrente precisa passar por um corretivo. Férias devem ser entendidas como tempo de formação, de fazer aquilo que durante o período de estudo normal não pode ser feito. Férias são tempos de estágios e de experiências missionárias, programadas e acompanhadas, pedagogicamente.
A Igreja está nos pedindo audácia e ousadia, pedagogia e metodologia evangelizadoras e missionárias para enfrentar os novos e grandes areópagos. Para tanto, ela precisa de padre evangelizador e missionário. No final do processo formativo de um seminarista, para além do trocadilho, temos que optar ou por seminarista missionário ou por missionário seminarista.
Esperamos que a passagem da Cruz Peregrina, que a CF-2013 e por fim, a Jornada Mundial da Juventude, se transformem em tempos e espaços para a o cultivo, a animação e a oração por todas as vocações, sem esquecer naturalmente das vocações ao sacerdócio ministerial.
Fonte: CNBB
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