sexta-feira, 15 de junho de 2012

INTENÇÕES MENSAIS


Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

Em nosso Diretório Litúrgico são anunciadas, logo no início de cada mês, as intenções do Apostolado da Oração. Como é do conhecimento de todos, Sua Santidade o Papa Bento XVI, em Unidade com seus antecessores, aponta intenções especiais para a oração ao longo dos meses, de acordo com as necessidades da Igreja e do mundo.
Portanto, as intenções, embora ligadas ao Apostolado da Oração, são as preocupações do Papa para toda a Igreja e que todos nós somos chamados a levar em consideração. Normalmente, o Papa aponta uma intenção geral e uma intenção missionária. De modo particular, os membros do Apostolado da Oração assumem essas intenções e oram diariamente para que o Espírito Santo anime e incentive o acolhimento de tais intenções dentro do coração humano.
Para o mês de Junho de 2012, Sua Santidade apresenta como intenção geral "que os fiéis saibam reconhecer na Eucaristia a presença viva do ressuscitado, que Os acompanha na vida cotidiana". E aponta, ainda, na intenção missionária, o desejo de que os cristãos da Europa redescubram a própria identidade e participem com entusiasmo no anúncio do Evangelho.
Precisamos redescobrir sempre mais a fonte da oração, como caminho seguro de equilíbrio e maturidade espiritual, psíquica e afetiva. A oração nos devolve a nós mesmos ao centro verdadeiro, que é Deus, e nos põe novamente em relação com nosso próximo.
Desde os primórdios da Igreja é sempre crescente a necessidade de que os fiéis se encontrem pessoalmente com o Senhor pela via da oração que gera ação, que gera novos homens para uma nova sociedade. A oração deve expressar aquilo que o coração deseja assumir de fato. Ela adentra todo nosso espaço interior, ilumina nosso caminho e trás à luz nossa verdadeira dignidade. Por meio da oração, alcançamos um diálogo mais profundo e amadurecido com Deus, somos impulsionados a ser participantes ativos na construção e proclamação do Reino de Deus, já aqui entre nós e não ainda em plenitude.
A intenção geral do Santo Padre relacionada à Eucaristia é motivada pela Solenidade de Corpus Christi que ocorre neste mês, e também pelo 50º Congresso Eucarístico Internacional que acontece entre os dias 10 e17 deste mesmo mês em Dublin, na Irlanda. A Eucaristia constitui o memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor, não apenas como recordação, mas atualização do mesmo, único e eterno sacrifício, Mistério Pascal de Cristo.  A Eucaristia atualiza, portanto, o evento de Nosso Senhor Jesus Cristo acontecido há dois mil anos aproximadamente, fazendo-O presente para nós hoje, possibilitando-nos, assim, a vivermos as mesmas graças e colhermos os mesmos frutos dos apóstolos e de todo o povo de Deus daquele tempo.
A Eucaristia apresenta-nos todas estas dimensões: memorial, sacrifício, ceia e refeição, atualização e antecipação escatológica de tudo que experimentaremos pela eternidade. Na Eucaristia, de modo especial, nos remetemos à Unidade da fé: um só Senhor, uma só fé, um só batismo; há um só pão embora sejamos muitos, somos um só corpo porque participamos todos desse único pão (1Cor 10, 17).
A Eucaristia, "fonte e ápice da vida de toda a Igreja", nos remete sempre à missão. A missa se torna consequentemente um programa de vida, onde o mistério da salvação é concluído com o envio dos fiéis. Nela encontramos luz e força para levar a bom termo a missão que o Senhor nos confiou para ser realizada em nosso dia a dia. A Eucaristia exige que todos os nossos atos sejam atos de amor e de serviço ao próximo, como extensão daquilo que celebramos. Só quando a vida for levada à Eucaristia e a Eucaristia levada à vida é que ambas serão verdadeiras.
Na intenção missionária, o Papa deseja que a fé que animou e impulsionou a vida na Europa seja redescoberta. Uma fé enraizada profundamente e que agora sofre as consequências da secularização e das novas mentalidades que vão ferindo, alterando e até esmagando os verdadeiros valores que possibilitam ao homem encontrar-se com sua mais profunda verdade, que é Cristo mesmo.
Orar para que os europeus redescubram suas raízes. Que a fé não se torne simplesmente uma herança do passado ou uma boa lembrança do mesmo, mas seja, pela graça de Deus, uma realidade a ser vivida, amada e cultivada sempre mais. O legado da fé não pode ser interrompido. Ele trás em si a verdade que liberta e dá vida.
Sejamos anunciadores entusiasmados pela verdade de Cristo! Que o mundo conheça e se apaixone cada vez mais por Cristo. Sejamos comprometidos verdadeiramente com Ele e com seu projeto, com seu Reino nesta vida, para que a vida eterna seja a extensão de tudo quanto acreditamos a apostamos ao longo de nossa vida.
 Nas intenções mensais temos as preocupações da Igreja para que as transformemos em nossas orações diárias e assim também nos comprometamos com o “sentir com a Igreja”.

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