quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ao Encontro do Senhor!


Dom Murilo S. R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia – BA


A vida humana é marcada por gestos, símbolos e ritos. Se Saint-Exupéry não foi o primeiro a constatar essa realidade, teve o mérito, contudo, de pô-la em evidência. “Se tu vens a qualquer momento”, diz o personagem de um de seus livros, “nunca saberei a hora de preparar o coração... São necessários ritos”. Há muito tempo a Igreja vem ensinando a necessidade de nos prepararmos para viver com intensidade os acontecimentos da vida de Jesus. Mais do que nos recordar do passado, ela quer nos ajudar a celebrar, hoje, momentos e situações importantes da vida de nosso Salvador. Dá-nos condições, assim, de participar da história de amor que continua se desenrolando no tempo e no espaço.
No Advento – estamos no segundo domingo, dos quatro que antecedem o  Natal -, somos convidados a nos preparar, pessoal e comunitariamente, para a vinda Jesus, o Emanuel, o Deus-conosco. É verdade que ele vem ao nosso encontro diariamente, sob múltiplas formas. Mas se não nos preparamos convenientemente, nem perceberemos isso. Ele passará, então, em nossos caminhos e continuaremos os mesmos. Nosso comportamento, contudo, não é novo: para quantos ele nada representou, por ocasião de sua primeira vinda? Para quantos ele nada tem significado ao longo da História?
João Batista insiste: “Fazei uma conversão frutuosa... Dai frutos dignos de conversão... O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo... O reino de Deus está próximo” (Mt 3). Hoje, João não nos sugere simples revisão de vida, diante da chegada do Menino Jesus, mas pede uma mudança radical de nossa maneira de ser, pensar e agir, uma nova maneira de nos relacionarmos com Deus e com os outros. Convertidos, teremos condições de perceber as riquezas que o Menino de Belém nos traz. Mas isso exige – volto ao tema do início – uma preparação do coração. Se não nos prepararmos devidamente, faremos nosso próprio Natal; nele provavelmente não haverá lugar para o Menino Jesus, que acabará sendo substituído pela figura do Papal Noel, por presentes que se dá e se recebe sem saber a razão, por cartões que se manda por formalidade, por jantares bonitos e festivos, mas sem referência àquele que deveria ser a principal razão disso tudo.
Fonte: CNBB

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