24º
DOM TC
I Leitura (Isaías
50,5-9)
Salmo responsorial 114/115
II Leitura (Tiago 2,14-18)
Evangelho (Marcos 8,27-35)
SEGUIR UM MESSIAS
DIFERENTE...
No Evangelho de hoje
Simão Pedro tinha chegado à conclusão de que Jesus era o Messias (8,29). Mas
quando Jesus começou a explicar que o Messias e Filho do Homem devia sofrer e
morrer, Pedro quis fazer-lhe a lição: sofrer, nunca! (8,31-32). Então Jesus lhe
dirige dura advertência: “Vai, satanás, para trás de mim, pois não tens em
mente as coisas de Deus e sim as dos homens” (8,33). Pedro é chamado de
satanás, não de diabo, porque o satanás é uma figura folclórica na literatura
bíblica, exercendo o papel de tentador, de sedutor (cf. Jó 2,1-2). Jesus
associa Pedro ao “sedutor”, porque tentou desviá-lo do caminho do sofrimento.
Então Jesus o manda para o lugar do discípulo obediente, atrás do mestre, para
segui-lo carregando a cruz (Mc 8,34-35).
Jesus é Messias, mas à
maneira do Servo Sofredor de que fala Isaías (1ª leitura). Este oferece as
faces a quem lhe arranca a barba, não teme o fracasso, pois Deus está com ele.
O Servo Sofredor é como um herói que desce na cova dos leões: desce nas
profundezas do ódio para vencê-lo por dentro, assumindo o sofrimento
injustamente infligido. Seu poder não é como os poderes deste mundo; é a força
de Deus que vence o poder pelo amor. Mas para isso, ele tem de escutar a voz de
Deus: “O Senhor abriu meu ouvido” (Is 50,5).
Acreditar em Jesus é
aderir ao Servo, o líder rejeitado e morto, mas que é também ressuscitado por
Deus, como está em Mc 8,31 (Pedro parece não ter percebido esse “detalhe”). Ser
cristão é seguir Jesus pelo caminho do sofrimento. Não existe fé cristã sem via
sacra. E isso, não pelo prazer de sofrer, mas porque é preciso enfrentar a
injustiça e tudo quanto se opõe a Deus no próprio campo de batalha. Ser cristão
não é compatível com sempre ter sucesso no mundo; quem não é perseguido
provavelmente não está trilhando os passos de Jesus.
A Igreja não é para
torcedores que pagam para ver o time ganhar; é para jogadores dispostos a
enfrentar sacrifícios. Mas esta comparação esportiva é perigosa: pode sugerir
autoafirmação, e então estaríamos novamente pensando nas coisas dos homens e
não nas de Deus. Não se trata de autoafirmação, nem de heroísmo para glória
própria, mas antes, de ter um ouvido aberto à voz de Deus, que nos mostra um
caminho que por nós mesmos não suspeitávamos ser o caminho de Deus. Trata-se de
ter um coração de discípulo, que saiba escutar Deus nos seus planos mais
misteriosos. Será que Deus não está mostrando um caminho de “mais vida” quando
sugere cuidar de uma criança doente, de pessoas excluídas, do silêncio de quem
não pode falar, do esquecimento de si?... Tenhamos o ouvido aberto!
Cristo nos deu o
exemplo. Nele confiamos. Tendo em visto sua “vitória”, não importa que
“perdemos nossa vida” segundo os critérios deste mundo. Ganharemos Deus.
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