Um momento para
celebrar a caridade cristã. Foi assim que o padre scalabriniano Gelmiro Costa
definiu a visita da Cruz e do Ícone da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) à
igreja de São Geraldo, em Manaus. A paróquia coordenada pelo padre com carisma
de serviço aos migrantes se transformou no ponto de referência para milhares de
haitianos que se refugiaram no Brasil.
Mais de 5 mil pessoas saíram da ilha caribenha
após o terremoto devastador em janeiro de 2010 para tentar uma nova vida em
terras brasileiras. Muitos se depararam com uma realidade dura, com dificuldade
de língua, emprego, moradia e alimentação. A paróquia do padre Gelmiro começou,
então, a acolher esses homens e mulheres, a maioria jovens.
“A cruz vem regar com o
sangue de Jesus a caridade cristã. Apoiar os migrantes foi uma das realidades
mais visíveis nestes últimos dois anos na arquidiocese. Todas as igrejas, a
sociedade inteira sabe do trabalho.”, disse o padre.
Segundo ele, foram mais
de 90 mil kg de alimentos, 4 mil colchões e cerca de 1,2 mil botijões de gás
para conseguir alimentar e acolher todos os que vinham. “Os táxis que traziam
os haitianos já vinham direto para a paróquia.”
A maior parte dos
haitianos veio em março de 2011 e no início deste ano. O salão paroquial chegou
a abrigar 1450. “Primeiro eles ficavam em casas alugadas por nós e depois foram
morar com outros haitianos que já tinham conseguido emprego”, explicou padre
Gelmiro.
Atualmente, mais de 55%
dos haitianos já deixaram Manaus e foram para outras cidades brasileiras já
contratados ou em busca de melhores empregos. Fauvette Vincent é uma das que
permanece na capital amazônica. “O terremoto passou, mas o país continua lá com
as dificuldades. Para os haitianos vir para cá já é uma cruz. Mas, ser
imigrante aqui é um pouco mais fácil porque o povo é muito acolhedor.”
Gladys Espinoza é
peruana e está há 25 anos em Manaus. Ela se lembra dos momentos em que a
paróquia acolheu mais pessoas e haitianos tinham de dividir alimentos e também
colchões. “Lembro até hoje daquele momento”. Ela também fugiu da violência do
Peru na época de atuação do Sendero Luminoso, grupo armado revolucionário.
Depois de fazer
pedagogia em uma faculdade de Manaus, dá aula há 22 anos para crianças em uma
creche. “É um momento de fé, nunca tinha participado de um encontro tão
grande”, disse sobre a peregrinação dos símbolos da JMJ na paróquia.
Jovens do Peru, da
Colômbia e também do interior do Amazonas contaram sobre suas dificuldades em
migrar, mas também da alegria da acolhida cristã.
Por Tiago Miranda
Fonte: Jovens conectados
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