O Batismo de Jesus por João Batista é o ato inaugural do seu ministério. Em outras palavras, poderíamos dizer que é a Epifania histórica de Jesus. Atraido pela mensagem de João Batista, Jesus abandona a sua vida em Nazaré da Galileia, procura o batismo de João na região do além Jordão e começa a formar o grupo de seus discípulos para iniciar seu ministério.
João Batista anunciava a conversão à prática da justiça como caminho para remover o pecado do mundo. Com seu convite ao batismo e à conversão, atraiu discípulos, no grupo dos quais se inseriu Jesus.
Após a prisão de João, Jesus decide levar o seu anúncio da conversão ao Reino de Deus à Galileia. Jesus inova no sentido se que, em vez de aguardar a afluência de pessoas na região desértica e à margem do Jordão, decide dirigir-se, com discípulos, às regiões povoadas do norte.
Os evangelhos sinóticos são completados com o evangelho de João (evangelista) na caracterização dos primeiros discípulos reunidos em torno de Jesus. Nos sinóticos, as narrativas do chamado de Jesus se caracterizam pelo esquema: Jesus passa e chama, o discípulo deixa tudo e o segue. Esta é uma forma literária de apresentar todo um processo de relações de conhecimento e amizade entre Jesus e o discípulo e a adesão final. No evangelho de João, é destacado que Jesus chama seus primeiros discípulos em um convívio com os discípulos de João Batista.
O que caracteriza a formação dos discípulos é a conversão. A Boa Nova do Reino que está próximo, perto de nós, é a revelação de uma nova realidade. A conversão é o processo de mudança e a construção dessa nova realidade. O mundo nos oferece uma realidade ainda não totalmente humanizada. Ocorrem até absurdos de violência e desumanidade maciças, causadas pela ambição do dinheiro e do poder e pela guerra. Contudo, este não passa de um mundo frágil.
A conversão se faz a partir do olhar para Jesus e deixar-se contagiar pelo seu amor misericordioso e por suas palavras. Assim, vamos nos libertando das ideologias de sucesso, riqueza e poder, para incorporarmos valores de comunhão com o próximo, na mansidão e no carinho, construindo um mundo novo possível, na justiça e na fraternidade.
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
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