domingo, 12 de agosto de 2012

Vocação! Um Chamado de Deus!


ENTRE A CARENTE FARTURA DAS ÁGUAS
Pequeno Histórico de Antonio Marcos Maciel de Araújo
Texto: Adelmo Barbosa/Flores - PE

Ao nomearem seus filhos, é comum às famílias nordestinas homenagearem pessoas influentes, sejam artistas, atletas ou outras personalidades de renome nacional ou de ascensão mundial. A prerrogativa existe por conta da importância de tais personalidades ou pela influência que elas exercem sobre os próprios cidadãos. Outras referências também são feitas a pessoas que fizeram História, como Maria Antonieta, Joana D’Arc e outros tantos que passaram às gerações seus feitos heroicos, contribuindo com a sociedade de alguma forma.
Todavia, a Igreja sempre aconselhou as famílias a colocarem em seus filhos nomes de santos ou bíblicos. O poeta pernambucano, Ivanildo Vila Nova, em seu “Nordeste Independente”, escreveu: “As crianças seriam batizadas só com nome de santo como a gente, não teriam mais nome diferente que não pode botar nem apelido”. Uma realidade que vai ficando muitas vezes longe do imaginário popular e já não faz parte da cultura religiosa nordestina, embora alguns ainda a preserve.
O nome a seguir é um misto do que a Igreja aconselha com os versos de Ivanildo e uma referência a personalidades que, de uma ou de outra forma, fazem parte da história brasileira: ANTONIO MARCOS MACIEL DE ARAÚJO.
Filho da terra do frio, o “Oásis do Sertão”, popularmente conhecido por Marco Maciel, tem, ao mesmo tempo, referências a santos e personalidade política, em seu nome. Ser político é uma de suas virtudes. A política da boa fé, ensejada na formação mais eficaz da Igreja Católica, sob a proteção da Virgem Maria. Por algum tempo, sob a proteção da Virgem das Dores, e pela maior parte do tempo, sob as bênçãos e proteção da Virgem da Conceição.
Tem uma relação muito familiar com a região onde nasceu: o entorno da Serra da Baixa Verde, onde estão encravados os Sítios Souto e Oiticica. No primeiro iniciou sua caminhada na fé cristã, sendo batizado na Capela de São José, no dia 2 de maio de 1981, dois meses após seu nascimento em 13 de março. No segundo, viveu a infância e começo da juventude, onde recebeu na capela de São Francisco de Assis a Primeira Eucaristia no dia 03 de junho de 1993 cuja opção tornou-se sua defesa mais tarde. Prenúncio talvez daquilo que seria sua meta de vida. Confirmou sua fé, recebendo o Sacramento da Crisma pelas mãos de Dom Francisco Austregésilo de Mesquita Filho no dia 27 de Dezembro de 1997 na igreja matriz de Nossa Senhora das Dores em Triunfo.
Natural de Triunfo, enraizado na Oiticica, radicado em Flores. É filho de uma família reconhecidamente cristã, dessas poucas que preservam ainda o respeito à fé, através da unidade da célula cristã. Filho de Damiana Batista de Araújo e José Noval de Araújo é o quarto de seis irmãos. Neste seio familiar e no misto de brisa fria e quente do entorno da elevação da Baixa Verde, olhando para a torre da centenária Igreja da Conceição, deixou fluir sua vocação: tornar-se padre. Vocação apoiada, sobretudo pelo o avô, que o fez sentir muito sua falta quando voltou para o Pai em 2005.
Mantendo e alimentando o sonho, iniciou seus estudos primários nas Escolas Municipais Mínima Souto e Manoel Rodrigues Júnior, respectivamente nos Sítios Souto e Melancia. Foi para a tradicional Escola João Henrique da Silva, na Vila Canaã, onde cursou o Ensino Fundamental II (5ª à 7ª série). Migrando para Flores, cursou a 8ª série no histórico Grupo Velho “o Aires Gama”, e o magistério na também tradicional Escola Onze de Setembro, concluindo o Ensino Médio. Expandindo simpatia e humildade, marca principal de sua característica pessoal, trabalhou como professor nas Escolas: Nova Geração e Pedro Santos Estima, ambas em Flores. A profissão, não o desviou da vocação. Seu projeto de infância eram outro: ser padre.
Renunciou à vida docente e, num pedido formal ao Pe. José Ailton Costa da Silva, então pároco de Flores, ingressou no Seminário Propedêutico São Judas Tadeu em Afogados da Ingazeira como seminarista representante da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Flores, terra que adotou como sua pátria-mãe. Encaminhado por este e por Pe. Claudivan Siqueira Santos, apresentou-se ao bispo, Dom Frei Luis Gonzaga Silva Pepeu , no dia 02 de fevereiro de 2004, Festa da Apresentação do Senhor. Permaneceu no propedêutico por um ano, como determina a Igreja, seguindo para o Seminário Maior São Carlos Borromeu em Recife para dar continuidade aos estudos filosóficos e  teológicos.
Ali, cursou Filosofia (2005 a 2007) no Instituto Salesiano e no Instituto de Filosofia e Teologia da Arquidiocese do Recife. Neste último, iniciou o bacharelado em Teologia no ano de 2008, sendo transferido a seguir para a Universidade Católica de Pernambuco, onde concluiu o curso em 2011. Ali, recebeu o certificado de colação de grau no dia 31 de janeiro de 2012, após defender o Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia), com o inédito tema: “Os fundamentos da Prática Pastoral de Dom Francisco Austregésilo de Mesquita Filho” (primeiro trabalho acadêmico sobre o “Profeta do Pajeú”), ideia singular, por se tratar de um assunto inédito, o que lhe rendeu a nota máxima. Sem dúvida, um trabalho de qualidade teria que ter uma história ímpar, daquele que defendeu intrinsecamente a vida e a alma do povo sertanejo. Decerto, a nota não poderia ser diferente.
Ainda em 2007, participou da visita do Papa Bento XVI ao Brasil, representando a Diocese de Afogados da Ingazeira e o Seminário São Carlos Borromeu. Esteve na missa de canonização de Santo Antonio de Sant’Ana Galvão, no Campo de Marte – São Paulo e na visita do Papa à Basílica de Nossa Senhora Aparecida, no interior daquele Estado. Prova disso, foram as diversas reportagens feitas de forma espontânea e gratuita para a Rádio FLORESCER – FM, em Flores.
Morou em Recife por sete anos, atuando como seminarista e realizando pastoral nas Paróquias de São Francisco de Assis do Rio Doce em Olinda; São Sebastião, no Alto Pascoal; Nossa Senhora do Bom Parto, em Campo Grande; São Paulo Apóstolo no Jardim São Paulo e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Jardim São Paulo/Piracicaba em Recife.
            Terminados os estudos filosóficos e teológicos, antes da colação de grau, no dia 30 de janeiro de 2012, participou da missa pela conclusão do curso na Capela de Nossa Senhora da Graça, no Seminário de Olinda.
            De dezembro de 2011 à janeiro de 2012  por indicação de  Dom. Egídio Bisol, participou da 5ª Experiência Missionária na Diocese de Santarém, no estado do Pará. Levando a Boa Nova às comunidades ribeirinhas do município de Almeirim, com outros 82 missionários. Ali, experimentou a realidade de uma igreja que precisa estar mais presente no meio dos povos mais oprimidos do nosso país.
            Andarilho das águas perenes ou intermitentes, filho do frio, sonhador da vocação sacerdotal, não deixou o Pajeú. Tornou-se seminarista de Flores, para onde sempre retornou em seus momentos de férias. Ajudando nas celebrações eucarísticas e festas da Padroeira com dedicação, zelo e vontade vocacional.
            Em outros momentos, era possível vê-lo contribuindo com as ações diocesanas, fosse nas celebrações solenes, fosse nas atividades pastorais. No Centro Diocesano, no imponente Stella Maris, contribuiu com os cursos promovidos pela Diocese, entre os quais, o Curso Bíblico-Teológico para Leigos, atuando como secretário adjunto. Foi palestrante no Curso “Teologia e Vida no Planeta”, em julho de 2011, promovido pela Diocese de Afogados da Ingazeira e a Universidade Católica de Pernambuco; ministrou aula sobre o tema “Fraternidade e Vida no Planeta”.
O sucesso na apresentação rendeu-lhe, juntamente com os demais palestrantes, todos seminaristas, sob o olhar atento de dois professores da exigente Universidade, a menção honrosa de exímia apresentação, feita pelos mais de 50 participantes do Curso e rescaldada nas palavras de seus professores como de uma capacidade digna de respeito, provando estar, assim como seus irmãos, pronto para o ministério.
            No retorno à Diocese foi aninhar-se nas asas de Luisinho, Padre-poeta, ícone da juventude pajeuzeira da década de 1980, na Paróquia de São José, na terra-mãe da sede da Diocese – Ingazeira.
            Marcos é o símbolo do amor pela vocação religiosa. Tem em Maria sua protetora.
Nas Dores, seu nascimento e os primeiros passos na iniciação cristã, debaixo do frio de uma Terra que teima em ser brisa em um escaldante Sertão. Da Conceição é filho por vontade própria. Por iniciativa e por adoção. Traz no semblante a singeleza do povo florense, da água que desce no Pajeú: às vezes caudalosa, às vezes serena, às vezes, nem sempre...
            Adotou Flores como sua terra e a Virgem da Conceição como sua padroeira. Da imponente Matriz das Dores, pediu licença para ser serviço na secular Igreja-mãe.
Não faz da humildade, humilhação, nem subserviência. Usa-a como instrumento de amor ao próximo através do serviço à Igreja de Cristo; seja nos brejões de Triunfo, na amada Flores, nos morros, favelas ou bairros nobres do Recife, nas carentes águas perenes da Amazônia ou na simplicidade das ingazeiras do lendário Pajeú.
Cresce na aba do chapéu sertanejo, gotejando simplicidade sem carência. Expandindo amor, capacidade e coragem por uma vocação ao mesmo tempo intrigante e eloquente.
Nas águas fartas do Amazonas, turvas do Capibaribe/Beberibe ou raras do Pajeú, abraça a causa do Reino, sob o eco da voz de Jesus: “Sigam-me, e eu farei de vocês pescadores de homens” (Mt. 4,19).

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