O
heroico exemplo de São João Batista
Primeira leitura - Jr 1,17-19
Salmo - Sl 70
Evangelho - Mc 6,17-29
Hoje, dia 29 de agosto,
a tradição cristã recorda o martírio de São João Batista, “o maior entre os
nascidos de mulher”, segundo o elogio do próprio Messias. Ele prestou a Deus o
testemunho supremo do sangue, imolando a sua existência pela verdade e a justiça.
Com efeito, foi decapitado por ordem de Herodes, a quem tinha ousado dizer que
não era lícito casar com a mulher do seu irmão, como acabamos de ler no
Evangelho de hoje.
Falando da morte de
João Batista, o Papa João Paulo II diz, na Carta Encíclica “Veritatis Splendor”
(cf. n. 91), que o martírio constitui um sinal preclaro da santidade da Igreja.
Efetivamente, ele “representa o ponto mais alto do testemunho a favor da
verdade moral”. Se são relativamente poucas as pessoas chamadas ao sacrifício
supremo, há, porém, um testemunho coerente que todos os cristãos devem estar
prontos a dar em cada dia, mesmo à custa de sofrimentos e de graves
sacrifícios.
Assim você, meu irmão,
não pode nem deve fugir. Desde o início do Cristianismo, percebemos três
elementos quase sempre unidos: testemunho, profecia e doação da própria vida. É
verdadeiramente necessário um compromisso com estas três vias – por vezes
heroicas - para não ceder até mesmo na vida cotidiana: em casa com o marido,
com os filhos, colegas do trabalho, com os familiares de perto ou de longe. É
necessário saber que as dificuldades nos levam ao compromisso de viver, na
totalidade, o Evangelho.
O heroico exemplo de
São João Batista nos deve fazer pensar nos mártires da fé que, ao longo dos
séculos, seguiram corajosamente as suas pegadas. De modo especial, voltemos à
mente os numerosos cristãos que, no mundo inteiro, foram vítimas do ódio e da
perseguição religiosa. Mesmo hoje, n’algumas partes do mundo, os fiéis
continuam a serem submetidos a duras provações em virtude da sua adesão a
Cristo e à Sua Igreja.
Os impérios opressores
que existiram na história continuaram deixando seus mártires. Seus projetos
elitistas e imperialistas fizeram com que seus chefes continuassem a se
embriagar com o sangue dos mártires.
Portanto, o martírio
não deve ser buscado por ninguém. Em última palavra, é uma graça de Deus. Mas
dele não se deve fugir, se é necessário dar o testemunho e para defender a vida
do povo. Jesus também nos ensina que não devemos ter medo daqueles que matam o
corpo. Por isso, dar a vida é a melhor forma de amor, a exemplo de Jesus que
nos amou até o extremo. O máximo do amor é dar a vida pelos seus. Deste modo, a
vida não é tirada, mas é dada livremente.
Foi isso que fez São
João Batista em meio à crueldade que ameaçava a fidelidade conjugal: lutou e
sendo testemunha – e testemunho fiel – derramou o seu sangue, pagando com a
própria vida.
Ontem como hoje, o
banquete dos criminosos continua sendo regado a sangue, como foi o de Herodes,
como nós ouvimos no Evangelho de hoje. Por isso, lembrar a morte de João
Batista é não deixar morrer sua história, é recordar o seu testemunho, sua
profecia e sua coragem. É lembrar que, se preciso for, todos devemos estar
dispostos a “lavar as nossas vestes e as branquear no sangue do Cordeiro” (Ap
7,14).
Padre Bantu
Mendonça
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