"Grande sinal apareceu no céu: uma mulher
que tem o sol por manto, a lua sob os pés e uma coroa de doze estrelas na
cabeça." (Ap 12, 1)
Neste domingo
celebramos uma festa muito cara às tradições mineiras: a festa de Maria, quando
ela é assumida, em corpo e alma, para o céu. Relembro de minha terra natal, a
cidade de Boa Esperança, que nasceu sob a proteção do manto santo e abençoado
da Virgem Dolorosa, a mater que soube, no silêncio de seu coração, guardar a
vontade de Deus, dando o seu “Fiat” ao projeto da salvação de nossa pobre e
pecadora humanidade.
A solenidade deste
domingo é uma grande festividade de louvor a Maria Santíssima por parte dos
fiéis, que vêem, ao mesmo tempo, a glória da Igreja e a prefiguração de sua
própria glorificação. Festa grande, festa de solidariedade dos fiéis com aquela
que é a primeira e a Mãe de todos os fiéis.
A leitura do
Apocalipse, colocada como primeira leitura, é uma descrição original do povo de
Deus, que deu à luz o Salvador e depois refugiou-se no deserto – a Igreja que
foi perseguida e massacrada pelos romanos no primeiro século – até a vitória
final de Nosso Senhor Jesus Cristo. A segunda leitura é, toda ela,
escatológica, com gostinho de céu: a Assunção de Nossa Senhora ao céu é
considerada como antecipação da ressurreição final dos fiéis, que serão
ressuscitados em Cristo. Portanto, observe-se que a glória de Maria não a
separa da humanidade, não a separa de cada um de nós, mas a une mais
intimamente a nossa pobre humanidade.
Nossa Senhora foi a
única criatura humana a receber esse grande benefício do Criador, a encarnação
do Verbo. Isso porque, por obra e graça do Espírito Santo, coube a ela o
serviço de receber a encarnação do Senhor, do Filho de Deus, predestinada desde
sempre, isenta de todo o pecado desde a sua concepção imaculada, preservada de
toda mancha do pecado original. Tornou-se, assim, a primeira criatura na fé
cristã e a primeira a ser elevada à glória do céu em corpo e alma, graça
inaudita alcançada pela Ressurreição de Jesus.
Maria é o modelo para
todo cristão, de todos os fiéis; a primeira a alcançar o destino glorioso
reservado a todos que crêem no Senhor Jesus. Maria a co-redentora, a santa, a
luzeira dos cristãos. Maria, a esperança dos cristãos.
Maria saiu de si mesma,
renunciou a seus interesses para servir com exclusividade o mistério de Cristo.
Ela desceu, durante a sua vida terrena, aos vales da humanidade pecadora,
fazendo-se, como seu Filho, solidária com os irmãos, assumindo a condição de
serva, humilhando-se em tudo. Depois, ela subiu com Ele a noite escura do
Calvário, alcançou a manhã solar da Ressurreição, da Páscoa, da vida nova que
nos foi inaugurada, cantando uma segunda vez o “Magnificat”, para agradecer a
glorificação da humildade e da pequenez, a vitória sobre o pecado e a morte eterna,
as grandes coisas operadas por Deus em benefício seu e da humanidade.
Se o “Magnificat” é o
hino de agradecimento a Deus pela encarnação e pela obra redentora de Jesus
Cristo, tudo o que Maria tem a agradecer a Deus o tem em função do mistério
divino-humano de Jesus. Sua coroação como rainha do Céu e da terra é o
coroamento de tudo o que ela cantou na casa de Isabel.
Assim, o “Magnificat”
se desenvolve em quatro tempos: o primeiro, onde Maria agradece ao Senhor “a
quem se deve à honra e a glória pelos séculos dos séculos”. Aqui é colocado a
serviço como meta básica da vida cristã. Trabalhar com humildade para a
dilatação do Reino de Deus. Humildade como virtude, humildade como meta cristã.
A Virgem que recebeu, em Nazaré, o Filho de Deus hoje é elevada ao seio da
Santíssima Trindade. O segundo tempo, onde a Virgem agradece as maravilhas
operadas em todas as coisas, as maravilhas da história da nossa salvação, onde
o Deus santo e eterno nos convoca para a santidade de vida e de estado. O
terceiro tempo proclama a missa fundamental de Nosso Senhor: a ação de Deus em
favor dos pobres e dos humildes, que tem a sua meta básica em Nossa Senhora que
se despiu de tudo para servir e servir com alegria. Com o despojamento de Maria
no seu sim, hoje elevada ao céu, leva consigo todos os pobres, filhos
prediletos do Pai e comensais da casa divina.
O último tempo, em
forma de louvor e de agradecimento, celebra a FIDELIDADE DE DEUS, o cumprimento
de todas as promessas. Fidelidade a Deus e ao seu projeto de salvação, onde a
humanidade se torna bom parceiro de Deus na história da salvação. Subindo aos
Céus, Maria é considerada a primeira que teve acesso a esta fidelidade, que se
transforma em comunhão perfeita e eterna com a Trindade Santíssima.
A vida de Nossa
Senhora, a “serva” assemelha-se à do “servo”, Jesus, “exaltado” por Deus por
causa de sua fidelidade até a morte. O amor torna semelhantes às pessoas.
Também a glória. Em Maria, realiza-se, desde o fim de sua vida na terra, o que
Paulo descreve na segunda leitura: a entrada dos que pertencem a Cristo na vida
gloriosa do Pai, uma vez que o Filho venceu a morte e nos deu a vida eterna.
A comunhão com Deus nos
faz lembrar hoje do exemplo da Virgem Maria que aprendeu a ler os
acontecimentos e a perceber neles a ação de Deus libertando o seu povo.
Percebeu-se, também, como parte importante nessa grande obra. Por isso
invoquemos Maria como modelo do cristão que vai crescendo na sua resposta ao
projeto de Salvação.
Santa Maria, rogai por
nós. Amém!
Por: Padre Wagner Augusto Portugal
Fonte: www.catequisar.com.br
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