domingo, 19 de agosto de 2012

SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA


                                              
 "Grande sinal apareceu no céu: uma mulher que tem o sol por manto, a lua sob os pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça." (Ap 12, 1)

Neste domingo celebramos uma festa muito cara às tradições mineiras: a festa de Maria, quando ela é assumida, em corpo e alma, para o céu. Relembro de minha terra natal, a cidade de Boa Esperança, que nasceu sob a proteção do manto santo e abençoado da Virgem Dolorosa, a mater que soube, no silêncio de seu coração, guardar a vontade de Deus, dando o seu “Fiat” ao projeto da salvação de nossa pobre e pecadora humanidade.
A solenidade deste domingo é uma grande festividade de louvor a Maria Santíssima por parte dos fiéis, que vêem, ao mesmo tempo, a glória da Igreja e a prefiguração de sua própria glorificação. Festa grande, festa de solidariedade dos fiéis com aquela que é a primeira e a Mãe de todos os fiéis.
A leitura do Apocalipse, colocada como primeira leitura, é uma descrição original do povo de Deus, que deu à luz o Salvador e depois refugiou-se no deserto – a Igreja que foi perseguida e massacrada pelos romanos no primeiro século – até a vitória final de Nosso Senhor Jesus Cristo. A segunda leitura é, toda ela, escatológica, com gostinho de céu: a Assunção de Nossa Senhora ao céu é considerada como antecipação da ressurreição final dos fiéis, que serão ressuscitados em Cristo. Portanto, observe-se que a glória de Maria não a separa da humanidade, não a separa de cada um de nós, mas a une mais intimamente a nossa pobre humanidade.
Nossa Senhora foi a única criatura humana a receber esse grande benefício do Criador, a encarnação do Verbo. Isso porque, por obra e graça do Espírito Santo, coube a ela o serviço de receber a encarnação do Senhor, do Filho de Deus, predestinada desde sempre, isenta de todo o pecado desde a sua concepção imaculada, preservada de toda mancha do pecado original. Tornou-se, assim, a primeira criatura na fé cristã e a primeira a ser elevada à glória do céu em corpo e alma, graça inaudita alcançada pela Ressurreição de Jesus.
Maria é o modelo para todo cristão, de todos os fiéis; a primeira a alcançar o destino glorioso reservado a todos que crêem no Senhor Jesus. Maria a co-redentora, a santa, a luzeira dos cristãos. Maria, a esperança dos cristãos.
Maria saiu de si mesma, renunciou a seus interesses para servir com exclusividade o mistério de Cristo. Ela desceu, durante a sua vida terrena, aos vales da humanidade pecadora, fazendo-se, como seu Filho, solidária com os irmãos, assumindo a condição de serva, humilhando-se em tudo. Depois, ela subiu com Ele a noite escura do Calvário, alcançou a manhã solar da Ressurreição, da Páscoa, da vida nova que nos foi inaugurada, cantando uma segunda vez o “Magnificat”, para agradecer a glorificação da humildade e da pequenez, a vitória sobre o pecado e a morte eterna, as grandes coisas operadas por Deus em benefício seu e da humanidade.
Se o “Magnificat” é o hino de agradecimento a Deus pela encarnação e pela obra redentora de Jesus Cristo, tudo o que Maria tem a agradecer a Deus o tem em função do mistério divino-humano de Jesus. Sua coroação como rainha do Céu e da terra é o coroamento de tudo o que ela cantou na casa de Isabel.
Assim, o “Magnificat” se desenvolve em quatro tempos: o primeiro, onde Maria agradece ao Senhor “a quem se deve à honra e a glória pelos séculos dos séculos”. Aqui é colocado a serviço como meta básica da vida cristã. Trabalhar com humildade para a dilatação do Reino de Deus. Humildade como virtude, humildade como meta cristã. A Virgem que recebeu, em Nazaré, o Filho de Deus hoje é elevada ao seio da Santíssima Trindade. O segundo tempo, onde a Virgem agradece as maravilhas operadas em todas as coisas, as maravilhas da história da nossa salvação, onde o Deus santo e eterno nos convoca para a santidade de vida e de estado. O terceiro tempo proclama a missa fundamental de Nosso Senhor: a ação de Deus em favor dos pobres e dos humildes, que tem a sua meta básica em Nossa Senhora que se despiu de tudo para servir e servir com alegria. Com o despojamento de Maria no seu sim, hoje elevada ao céu, leva consigo todos os pobres, filhos prediletos do Pai e comensais da casa divina.
O último tempo, em forma de louvor e de agradecimento, celebra a FIDELIDADE DE DEUS, o cumprimento de todas as promessas. Fidelidade a Deus e ao seu projeto de salvação, onde a humanidade se torna bom parceiro de Deus na história da salvação. Subindo aos Céus, Maria é considerada a primeira que teve acesso a esta fidelidade, que se transforma em comunhão perfeita e eterna com a Trindade Santíssima.
A vida de Nossa Senhora, a “serva” assemelha-se à do “servo”, Jesus, “exaltado” por Deus por causa de sua fidelidade até a morte. O amor torna semelhantes às pessoas. Também a glória. Em Maria, realiza-se, desde o fim de sua vida na terra, o que Paulo descreve na segunda leitura: a entrada dos que pertencem a Cristo na vida gloriosa do Pai, uma vez que o Filho venceu a morte e nos deu a vida eterna.
A comunhão com Deus nos faz lembrar hoje do exemplo da Virgem Maria que aprendeu a ler os acontecimentos e a perceber neles a ação de Deus libertando o seu povo. Percebeu-se, também, como parte importante nessa grande obra. Por isso invoquemos Maria como modelo do cristão que vai crescendo na sua resposta ao projeto de Salvação.
Santa Maria, rogai por nós. Amém!
 Por: Padre Wagner Augusto Portugal
Fonte: www.catequisar.com.br

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