Dom Orani João
Tempesta
Arcebispo do Rio
de Janeiro (RJ)
Em nosso Diretório
Litúrgico são anunciadas, logo no início de cada mês, as intenções do
Apostolado da Oração. Como é do conhecimento de todos, Sua Santidade o Papa
Bento XVI, em Unidade com seus antecessores, aponta intenções especiais para a
oração ao longo dos meses, de acordo com as necessidades da Igreja e do mundo.
Portanto, as intenções,
embora ligadas ao Apostolado da Oração, são as preocupações do Papa para toda a
Igreja e que todos nós somos chamados a levar em consideração. Normalmente, o
Papa aponta uma intenção geral e uma intenção missionária. De modo particular,
os membros do Apostolado da Oração assumem essas intenções e oram diariamente
para que o Espírito Santo anime e incentive o acolhimento de tais intenções
dentro do coração humano.
Para o mês de Junho de
2012, Sua Santidade apresenta como intenção geral "que os fiéis saibam
reconhecer na Eucaristia a presença viva do ressuscitado, que Os acompanha na
vida cotidiana". E aponta, ainda, na intenção missionária, o desejo de que
os cristãos da Europa redescubram a própria identidade e participem com
entusiasmo no anúncio do Evangelho.
Precisamos redescobrir
sempre mais a fonte da oração, como caminho seguro de equilíbrio e maturidade
espiritual, psíquica e afetiva. A oração nos devolve a nós mesmos ao centro
verdadeiro, que é Deus, e nos põe novamente em relação com nosso próximo.
Desde os primórdios da
Igreja é sempre crescente a necessidade de que os fiéis se encontrem
pessoalmente com o Senhor pela via da oração que gera ação, que gera novos
homens para uma nova sociedade. A oração deve expressar aquilo que o coração
deseja assumir de fato. Ela adentra todo nosso espaço interior, ilumina nosso
caminho e trás à luz nossa verdadeira dignidade. Por meio da oração, alcançamos
um diálogo mais profundo e amadurecido com Deus, somos impulsionados a ser
participantes ativos na construção e proclamação do Reino de Deus, já aqui
entre nós e não ainda em plenitude.
A intenção geral do
Santo Padre relacionada à Eucaristia é motivada pela Solenidade de Corpus
Christi que ocorre neste mês, e também pelo 50º Congresso Eucarístico
Internacional que acontece entre os dias 10 e17 deste mesmo mês em Dublin, na
Irlanda. A Eucaristia constitui o memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de
Nosso Senhor, não apenas como recordação, mas atualização do mesmo, único e
eterno sacrifício, Mistério Pascal de Cristo.
A Eucaristia atualiza, portanto, o evento de Nosso Senhor Jesus Cristo
acontecido há dois mil anos aproximadamente, fazendo-O presente para nós hoje,
possibilitando-nos, assim, a vivermos as mesmas graças e colhermos os mesmos
frutos dos apóstolos e de todo o povo de Deus daquele tempo.
A Eucaristia
apresenta-nos todas estas dimensões: memorial, sacrifício, ceia e refeição,
atualização e antecipação escatológica de tudo que experimentaremos pela
eternidade. Na Eucaristia, de modo especial, nos remetemos à Unidade da fé: um
só Senhor, uma só fé, um só batismo; há um só pão embora sejamos muitos, somos
um só corpo porque participamos todos desse único pão (1Cor 10, 17).
A Eucaristia,
"fonte e ápice da vida de toda a Igreja", nos remete sempre à missão.
A missa se torna consequentemente um programa de vida, onde o mistério da
salvação é concluído com o envio dos fiéis. Nela encontramos luz e força para
levar a bom termo a missão que o Senhor nos confiou para ser realizada em nosso
dia a dia. A Eucaristia exige que todos os nossos atos sejam atos de amor e de
serviço ao próximo, como extensão daquilo que celebramos. Só quando a vida for
levada à Eucaristia e a Eucaristia levada à vida é que ambas serão verdadeiras.
Na intenção
missionária, o Papa deseja que a fé que animou e impulsionou a vida na Europa
seja redescoberta. Uma fé enraizada profundamente e que agora sofre as
consequências da secularização e das novas mentalidades que vão ferindo,
alterando e até esmagando os verdadeiros valores que possibilitam ao homem
encontrar-se com sua mais profunda verdade, que é Cristo mesmo.
Orar para que os
europeus redescubram suas raízes. Que a fé não se torne simplesmente uma
herança do passado ou uma boa lembrança do mesmo, mas seja, pela graça de Deus,
uma realidade a ser vivida, amada e cultivada sempre mais. O legado da fé não
pode ser interrompido. Ele trás em si a verdade que liberta e dá vida.
Sejamos anunciadores
entusiasmados pela verdade de Cristo! Que o mundo conheça e se apaixone cada
vez mais por Cristo. Sejamos comprometidos verdadeiramente com Ele e com seu
projeto, com seu Reino nesta vida, para que a vida eterna seja a extensão de
tudo quanto acreditamos a apostamos ao longo de nossa vida.
Nas intenções mensais
temos as preocupações da Igreja para que as transformemos em nossas orações
diárias e assim também nos comprometamos com o “sentir com a Igreja”.
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