ARQUIDIOCESE DE
NATAL
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NOTA À IMPRENSA
Dom Jaime Vieira Rocha -
arcebispo metropolitano de Natal, movido pelo zelo e solicitude pastoral para
com o Povo de Deus a si confiado, frente às últimas notícias veiculadas pela
imprensa potiguar, de que algum padre do clero natalense estaria disposto a
participar do pleito eleitoral que se aproxima, como candidato a um cargo
político, vem, por este comunicado, prestar os seguintes esclarecimento aos
fiéis católicos e à opinião pública em geral:
1.
É de pleno conhecimento dos padres da Arquidiocese de Natal as reiteradas exortações
publicadas pelos Bispos que nos precederam no governo da
Igreja Católica
no Rio Grande do Norte, nas quais deixam claro a posição dessa mesma Igreja
vetando a participação ativa de qualquer padre em partidos políticos ou como
candidatos no processo eleitoral;
2.
Que a aplicação das normas da Igreja, funda-se nos preceitos canônicos a que todos
já conheceram, antes da ordenação, e que
de livre e espontânea vontade aderiram e prometeram obediência, em benefício da promoção e manutenção da paz
e da concórdia entre os homens, fundamentada na justiça.
3.
Que o Código de Direito Canônico, que é o Direito universal da Igreja Católica,
a que todos os fiéis obrigam-se à observar, ao tratar do que é conveniente ou
não ao estado clerical, prescreve:
a)
Cân. 285 - § 1º. Os clérigos se abstenham completamente de tudo o que não convém a seu estado, de acordo com
as prescrições do direito particular.
b)
§ 2º. Os clérigos evitem tudo o que, embora não inconveniente, é, no entanto, impróprio
ao estado clerical.
c)
§ 3º. Os clérigos são proibidos de assumir cargos públicos que impliquem a participação
no exercício do poder civil.
d)
Cân. 287 - § 1º. Os clérigos promovam
sempre e o mais possível a manutenção, entre os homens, da paz e da concórdia
fundamentada na justiça.
e)
§ 2º. Não tenham parte ativa nos partidos políticos e na direção de associações
sindicais (...).Temos a convicção de que é dever de cada fiel batizado, e de cada
padre, em particular, participar ativamente das lutas do povo pela efetividade
dos direitos sociais básicos, como
educação, saúde, segurança e
moradia, entre outros, com consciência e maturidade. No entanto,
torna-se imperativo para cada padre, para o bem do Povo de Deus, conservar incólume
sua identidade sacerdotal, mantendo-se fiel ao que é específico do ministério
ordenado e observando as orientações do Magistério da Igreja.votando que os
cidadãos exprimem livremente a sua opção política. Assim, as eleições
democráticas são a garantia de legitimidade no exercício do poder político.
Então, todos devemos
colaborar para que o processo eleitoral que se aproxima seja assumido pelos
candidatos e eleitores como mais uma oportunidade do exercício da democracia
e da cidadania ativa, com eleições livres, equitativas e transparentes.
Assim, todos temos o
dever, como pastores, de animar a todos os cristãos a participar na vida
política, enquanto que a Igreja continuará, na sua missão profética, a
denunciar os abusos e todas as formas de chantagem no processo eleitoral.
Podemos, sim, ser a voz
crítica, objectiva e realista dos que não têm voz, sem comprometer a nossa
imparcialidade e autoridade de pastores.
Em nenhum caso devemos assumir uma posição em favor de algum candidato
ou partido político.
Por fim, tornamos
público o apelo que fazemos a cada
padre, que porventura esteja filiado a algum partido político, que, em nome da
solicitude e caridade pastoral que devotamos ao Povo de Deus, realizem a
desfiliação, como sinal e testemunho pessoal de fé e de caridade, de profunda
adesão ao dever que temos de promover a unidade, como fruto da espiritualidade
vivida, de renúncia e despojamento de si mesmo, em favor de toda a Igreja de
Cristo.
Natal-RN, 14 de
junho de 2012.
DOM JAIME VIEIRA
ROCHA
Arcebispo
Metropolitano de Natal
Fonte: http://www.cnbb.org.br
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