O secretário geral da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Ulrich Steiner,
provocou os membros da Pontifícia Obra da Propagação da Fé a se esforçarem pelo
discipulado missionário. Ele deu início na manhã desta sexta-feira, 14, às
atividades da 5ª Assembleia da Obra que reúne membros de todos os estados do
país. Com o tema “Ide e fazei discípulos entre todas as nações (Mt 28, 19)” ele
foi enfático quanto à mensagem do Evangelho.
“Precisamos ser
discípulos-missionários para o mundo. Essa iniciativa é necessária e urgente
por que somos anunciadores e nossa tarefa é ir por todo o mundo e anunciar a
Boa Nova a toda criatura, conforme nos pede a Palavra de Deus”, exortou dom
Leonardo. O prelado aprofundou sua reflexão em quatro pontos: espiritualidade,
missionariedade, jovialidade e Deus que habita em luz inacessível (1 Tm 6, 16).
Antes de dar início às
reflexões, dom Leonardo convocou os jovens a serem menos objetivos quanto às
definições daquilo que queremos compreender. “Temos a tendência de definir as
coisas com muita objetividade. É uma maneira que a maioria das pessoas adota e
passa a ver o mundo. Somos motivados por aquilo que impacta, mas devemos também
observar de outra forma, como exemplo, ler o mesmo livro várias vezes”,
sublinhou.
De acordo com o
secretário da CNBB, “precisamos estar mais abertos, ouvir mais e se deixar encontrar
pelo outro. Falar de espírito é pensar num modo de espera, ou seja, não ir
direto ao ponto”. Ele disse aos participantes da Assembleia que a
espiritualidade (cuidar do espírito) “não é uma ciência de dominação, não é
estudo do espírito, mas um modo próprio de existir”. E afirmou que é importante
por que “é o espírito que cuida de nós”.
Dom Leonardo demonstrou
algumas formas de deixar o espírito cuidar. “Devemos ter abertura da nossa
parte, pois é o espírito de Deus que vem ao nosso encontro. Quando nos
esquecemos disso vivemos de maneira alienada. Ao lermos a Bíblia, damos
abertura ao espírito e criamos a possibilidade de mergulhar na profundidade de
nossa existência”, refletiu.
Espiritualidade e
Missão
A abertura é um modo de
vida indispensável ao trabalho do missionário, segundo dom Leonardo. Ele disse
que, “o Evangelho deve ser um horizonte e se queremos ser cristãos
anunciadores, temos que nos ater a ouvir o mundo pelo espírito” e salientou que
a missionariedade não é algo a ser acrescentado na vida do cristão, mas faz
parte da sua vida. “A missionariedade trata-se de uma força que é dada ao
missionário. Ele não é enviado por que quer ir, mas porque Deus o envia através
do Evangelho e a pessoa vai pelo amor de Deus que é uma força que impulsiona
para fora de nós mesmos”.
A alegria de ser
discípulo-missionário é outro ponto que deve ser observado pelo missionário,
comentou ainda dom Leonardo. Ele citou o Documento de Aparecida (DAp) para
justificar essa questão. “Aqui está o desafio fundamental que afrontamos:
mostrar a capacidade da Igreja para promover e formar discípulos e missionários
que respondam à vocação recebida e comuniquem por toda parte, transbordando de
gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo (n. 14)”. Completou dizendo que “o envio não é imposto
e que pelo rosto do missionário se sabe se ele é enviado ou não”.
A palavra jovialidade,
explicou o bispo auxiliar de Brasília, “significa ter a força de Deus”,
portanto, não deve ser confundida com qualidade da força biológica, mas “uma
vitalidade que vem de Deus”. Com relação a Deus que habita em luz inacessível,
dom Leonardo explicou que é a capacidade do cristão de deixar-se encontrar.
“Inacessível é o modo como Deus veio até nós: Deus me toca, agora posso
tocá-lo; Deus ama, agora posso amá-lo; Deus me deseja, agora posso deseja-lo.
Falamos de inacessibilidade por que eu que fui tocado por ele”.
Dom Leonardo aprofundou
esse último tema de sua orientação espiritual destacando que a inacessibilidade
de Deus é próprio do Cristianismo, por que ele nos ama antes, se faz próximo de
nós através da pequenez, do sofrimento, da cruz e se deixa tocar. “Deus é tão
grande que mesmo suspenso numa cruz ele não enxerga mais o horizonte, mas continua
a amar o Pai e entrega seu espírito a Deus”. O missionário, completou o bispo,
“deve ser envolvido por esse mesmo amor e se doar completamente pela Missão”,
completou.
Fonte: http://www.cnbb.org.br
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