
Apesar das lacônicas menções bíblicas sobre tão excelsa figura, os Santos Padres enxergaram em José do Egito, cuja história pode ser conhecida no livro do Gênesis, entre os capítulos 37 a 48, uma prefiguração daquele que legou a Jesus a descendência davídica; e dos evangelhos canônicos mostrarem dele uma personalidade profunda e totalmente silenciosa, pois entra e sai da Escritura sem pronunciar uma palavra, ninguém jamais poderá negar a eloqüência admirável do seu testemunho e a largueza de sua justiça, virtude mor de sua pessoa, visto que justiça na Escritura identifica-se com santidade. Naturalmente, deveria brilhar sobremaneira em tal virtude aquele que, por eleição divina, tornar-se-ia na terra, o “pai do filho de Deus”.
Considerando a beleza desta vocação paternal de São José, para muito além de ser o pai terreno de Jesus está o fato admirável de São José ter sido com a Virgem Maria a primeira testemunha de todas as profecias e anseios messiânicos do Antigo Testamento. Disse no século XII o grande São Bernardo de Claraval: “José pôde ver com seus próprios olhos, segurar em seus braços e cobrir de beijos aquele que tantos reis e profetas desejaram ver e não viram jamais”. Estas palavras mostram como desde muito cedo, grandes homens como Bernardo e também mulheres como Santa Teresa d’Ávila, que viveu no século VXI e foi a grande difusora do culto josefino pela Europa, percebiam que a pessoa de São José teve presença indispensável na realização dos planos de Deus para a redenção do homem.
Igualmente, grandes teólogos e papas escreveram sobre o eminente patriarca e lhe enriqueceram com altos privilégios, como o Papa IX, que em 8 de dezembro de 1870, o declarou Patrono universal da Igreja. Seria impossível, portanto, elencar aqui o número admirável de personalidades histórico-teológicas que se ocuparam da figura cativante do esposo da Virgem, o número de igrejas, dioceses, paróquias, congregações religiosas, cidades e ainda o número admirável de pessoas que possuem, por nome batismal, o belo e forte José.
Na piedade e devoção do nosso querido povo, não haveria de ser diferente, o Carpinteiro de Nazaré, ao lado de Nossa Senhora é figura de primeira grandeza. Que o digam as procissões que em 19 próximo realizam-se por toda parte.
Tal manifestação está carregada de sentido teológico e espiritual, pois Igreja nesta terra é um povo imenso que avança em procissão à Cidade de Deus, a Jerusalém Celestial (Ap 7,1-12). Assim pois, as procissões têm um profundo significado de antecipar simbolicamente o mistério último da Igreja que é a peregrinação até o céu; peregrinação esta, que os santos, como José, já completaram e nos estimulam ao não desfalecimento em tão árduo caminho, como o foi outrora o caminho do povo de Deus nas Sagradas Escrituras onde encontramos momentos singulares nos quais se deram famosos cortejos. A marcha do êxodo foi a procissão por excelência. Lemos nos primeiros capítulos do livro dos Números como o próprio Deus ordenou o modo como se devia realizar tais séquitos. Merece lembrança especial a fuga da Sagrada Família para o Egito, em que o próprio São José empreendeu a procissão da obediência e da fidelidade aos planos de Deus (cf Mt 2, 13-23).
Diante de tanto valor simbólico e espiritual, devemos renovar os ânimos para bem viver as festas que se aproximar e fazer valer ainda mais a nossa devoção a São José pela imitação de suas virtudes. Este será o fruto mais excelente da mais verdadeira devoção.
Por fim, aproveitemos o tempo para fazer com que as festas vindouras sejam um profundo ato de agradecimento ao Senhor pela fé tão preciosa que nós herdamos e que sabe reconhecer o valor dos homens e mulheres escolhidos por Deus para realizarem em suas vidas a sua santíssima vontade. Estes jamais serão esquecidos como atesta a força sempre nova da Palavra do Senhor: “O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo 2, 17).
Glorioso São José, rogai por nós.
Pe Jailton - Diretor Espiritual do Seminario de São Pedro
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